Folha de S. Paulo
Inelegível, ex-presidente usa força política
e máquina partidária em plano para escapar da Justiça
Uma semana depois de entrar na campanha de
2018 como presidenciável, Fernando Haddad ouviu sete vezes a mesma pergunta. Em
entrevista à rádio CBN, o petista teve que responder se assinaria um indulto
para tirar Lula da prisão caso vencesse a disputa. Sob pressão, ele sentenciou:
"Não. A resposta é não".
A suspeita de que um político pode usar o poder conquistado na eleição para ajudar um companheiro com problemas na Justiça costuma ser tóxica. Haddad tentou estabelecer um cordão sanitário para evitar que a questão se tornasse tema de campanha. Numa disputa marcada pelo antipetismo, ele rejeitou uma manobra aberta para liberar o padrinho.
A turma que busca o apoio de Jair
Bolsonaro em suas empreitadas vê o assunto ser tratado com mais
desenvoltura. O PL avisou
que, nas eleições para
o comando da Câmara e do Senado, pretende
negociar o apoio de suas bancadas com candidatos que topem defender a aprovação
de uma anistia para o ex-presidente e seus aliados.
O próprio Bolsonaro anunciou o preço de sua
atuação política quando subiu no carro de som da avenida Paulista em fevereiro.
Num comício armado para exibir sua capacidade de mobilização, o ex-presidente
pediu "a todos os 513 deputados e 81 senadores" a elaboração de um
projeto para anistiar os presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Se o bolsonarismo não conseguir fechar
negócio nas disputas do Congresso, tudo indica que a oferta continuará na mesa
em 2026. Ávido pelo apoio do ex-presidente, o governador de Goiás, Ronaldo
Caiado (União Brasil), já defendeu publicamente uma anistia. Já Tarcísio
de Freitas (Republicanos) foi uma das estrelas daquele carro de som
onde a ideia foi lançada originalmente.
Inelegível, Bolsonaro decidiu usar sua força
política e uma máquina partidária a serviço de um plano para escapar de
punições por uma tentativa de golpe de Estado. O mercado da anistia estará
aberto nas disputas pelo comando do Congresso e pela Presidência da República.
Muito bem colocado pelo colunista!
ResponderExcluirUma vergonha!
ResponderExcluir