Folha de S. Paulo
O Brasil é bom de ajuda, mas é preciso ser
ainda melhor na prevenção dos desastres
O Brasil é um país bom de ajuda.
A sociedade se mobiliza e o poder público, quando quer e se empenha, faz a sua
parte com rapidez e competência. Vimos isso nas ações de solidariedade na
pandemia, nas atuações de estados, dos Poderes Legislativo e Judiciário num
momento em que o Executivo jogava contra.
Estamos vendo agora o país se movimentar em socorro ao Rio Grande do Sul. A tragédia sensibiliza, mas a precaução que poderia minorar as consequências de desastres, naturais ou não, não é um fator que nos aflija de modo contundente. Fala-se disso na hora do aperto, e depois o habitual tem sido o esquecimento até a próxima calamidade.
O trato do meio ambiente não
aparece nas pesquisas entre as principais preocupações da população. E daí
talvez a razão de o assunto frequentar os discursos das autoridades como uma
cenografia do bem, mas não se integrar de modo enfático nas ações do poder
público.
Condena-se o negacionismo na teoria, mas na
prática ele está entre nós. Ou, numa visão otimista, pode ter estado, caso a
catástrofe ainda em curso venha a servir de lição de que as mudanças do clima precisam
com urgência servir como referência no manejo prévio das intempéries
ambientais.
Pesquisa do instituto Quaest sobre o tema
mostrou que a sociedade se ligou. Dos consultados, 99% disseram que o que
acontece no Sul guarda relação com a nova realidade climática. Há a compreensão
de que pode acontecer a qualquer momento em qualquer parte do país.
Já temos mais que comprovada a eficácia das
ações do voluntariado, da concentração de esforços dos demais estados e da
liberação de recursos federais. Mas não dá para ficar eternamente na
dependênciado bom improviso e da desolação pelas vidas perdidas.
É preciso aliar as belas preleções à boa
prática do planejamento numa agenda de emergência ambiental que corresponda aos
reiterados avisos da natureza de que dias piores virão.
Jesus!
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