Folha de S. Paulo
Ideia de passar borracha na conspiração de
Bolsonaro vaga pelo Congresso com simpatia do centrão
Foi uma ação entre amigos. A presidente da
comissão mais importante da Câmara procurou Jair
Bolsonaro para discutir um projeto de anistia aos condenados pelos
ataques de 8 de janeiro de 2023. Caroline de Toni (PL) escolheu um
aliado do ex-presidente como relator e prometeu incluir a proposta em
pauta.
Até as paredes do Congresso sabem que a ideia de anistiar os presos de 8 de janeiro seria a inauguração de uma farra que incluiria o próprio Bolsonaro. A presidente da CCJ tentou disfarçar e disse que o ex-presidente não pediu para ser incluído na proposta. "Olha a altivez do nosso presidente Bolsonaro em não visar o seu próprio interesse", exagerou.
O plano de livrar o ex-presidente da prisão e
talvez anular sua inelegibilidade é uma trama conduzida à luz do dia. A ideia é
começar pelos "injustiçados do dia 8 de janeiro" para fingir que
Bolsonaro nunca preparou um golpe de Estado, nunca pediu ajuda de militares de
alta patente e nunca recebeu apoio de parlamentares que, hoje, tentam
blindá-lo.
A pressa e a criatividade desses agentes
sugerem que o ex-presidente não está disposto a esperar um julgamento. Em outra
frente, a Câmara pôs em pauta uma proposta que invalida delações feitas por
réus presos. Não por acaso, a PF está prestes a indiciar Bolsonaro em
inquéritos turbinados por depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid.
A ideia de passar
uma borracha nos crimes do ex-presidente só vaga pelos corredores do
Congresso porque tem a simpatia do centrão —numa mistura de corporativismo e
gratidão pelas benesses extraídas do governo passado. Algumas propostas têm
apoio de cardeais de partidos da base de Lula e ressoam na Esplanada dos
Ministérios.
O argumento mais vendido nessa feira é uma
necessidade de pacificação do país. Como não se pode atribuir aos parlamentares
nenhuma ingenuidade, o mais provável é que tenham sido tomados pelo cinismo.
Falar em anistia é estender um tapete vermelho para que os golpistas voltem e
terminem o serviço.
Excelente! Falar em anistia é estender um tapete verde-amarelo para que os golpistas patriotários voltem e terminem o serviço.
ResponderExcluirExatamente!
ResponderExcluir