Folha de S. Paulo
Se Lula 3 não romper tabu econômico
presidencial, será sucedido por bolsonarismo 2.0
"É
melhor um fim trágico que uma tragédia sem fim",
decretou Jaques
Wagner diante da devolução da MP do PIS/Cofins pelo
presidente do Senado.
Ao que parece, Lula aplaudiu
o gesto de Rodrigo
Pacheco, ralhando com seu círculo mais próximo por um erro político
crasso cometido com seu aval. O evento rocambolesco assinala o encerramento da
primeira etapa de Lula 3. Começa, agora, Lula 3.2.
Não foi um equívoco circunstancial, mas o fruto de uma estratégia geral. Lula vive no passado: o mundo do dinheiro farto de seus mandatos anteriores. Ancorado nas suas memórias e hipnotizado pela crença arrogante de que sua genialidade pariu aquele mundo, o candidato Lula pregou a restauração da política econômica exercitada numa era de ilusões. A dura prova da realidade tardou meros 18 meses.
Na campanha, o candidato entregou-se à
quadratura do círculo. De um lado, praticando a sabedoria, firmou uma aliança
com o centro político, expressa na cooptação de Alckmin, Tebet e Marina Silva.
De outro, praticando uma teimosia que reflete suas convicções profundas,
prometeu repetir a orientação econômica sintetizada por Dilma
Rousseff pelo refrão "gasto é vida". Não funcionou: o
presidente perdeu a confiança dos eleitores de centro, mesmo conservando, como
enfeites natalinos, os três representantes desse setor do eleitorado.
Mas, sobretudo, a nau encheu-se de água nos
porões da economia. O "gasto é vida" foi adotado tanto pelo Executivo
quanto por um Congresso com
poderes típicos do parlamentarismo mas sem as responsabilidades
correspondentes. O ministro Haddad,
um santo com vaga garantida no paraíso, tentou o impossível para conciliar os
impulsos de gastança com a meta elusiva do equilíbrio fiscal. Seu dom de iludir
chegou ao limite, algo que ele mesmo admitiu ao declarar, resignado, após a
devolução da MP, não dispor de Plano B para compensar as perdas arrecadatórias.
"Gasto é vida" só sobrevive em céu
sem nuvens. A conjuntura internacional marcada pelo desmoronamento da ordem do
pós-Guerra Fria não
entrou no cálculo lulista. A trajetória inclemente dos juros nos EUA e
o desastre climático no RS,
com suas implicações inflacionárias, formaram uma sucessão de cumulonimbus no
horizonte. Os truques de prestidigitação fiscal do Ministério da
Fazenda já não conseguem ocultar a curva de longo prazo. Não
sem motivos, o Copom suspendeu
as rodadas de corte da taxa Selic.
Qualquer governo eleito pelo povo
beneficia-se de um período de graça. O arcabouço fiscal do ministro
santificado, junto com a ortodoxia monetária do BC,
propiciou uma lua de mel entre o governo e os agentes econômicos. O afeto,
porém, encerrou-se. Como de hábito, os economistas heterodoxos, Gleisi
Hoffmann e o "gabinete do ódio" petista culparão os
suspeitos de sempre, agravando a crise de comunicação do governo. Não se
superam impasses políticos de fundo por meio de retórica balofa.
Há tênues sinais de vida inteligente oriundos
da Fazenda e do Planejamento. Haddad anunciou uma revisão "ampla, geral e
irrestrita" das despesas públicas. Falta combinar com Lula e com o
centrão. A noção de que o gasto estatal impulsiona o consumo e, por essa via,
provoca crescimento econômico figura na mente presidencial, como tabu. O
centrão, por sua vez, não cultiva tabus, mas apenas seus interesses imediatos
–e, precisamente por isso, associou-se ao manual lulista de teoria econômica.
Lula 3 foi inaugurado à sombra gloriosa do
fracasso do golpismo bolsonarista. "Nós" contra "eles": o
antibolsonarismo sedimentou-se como ferramenta propagandística crucial do
lulismo. Entretanto, por sua própria natureza, a polarização funciona melhor
para a oposição que para o governo. Se Lula 3.2 revelar-se incapaz de romper o
tabu econômico presidencial, será sucedido por um bolsonarismo 2.0. Ou seja,
pela proverbial "tragédia sem fim".
Lula já deu mostra que ele é um incorrigível Ditador . Não aceita negociar com o Congresso a não ser com dinheiro comprando deputados, a cada dia perde prestígio eleitoral Internacionalmente virou gozação depois de apoiar o Hamas e a Rússia que Deus te ouça e que Bolsonaro ou alguém que pense no Brasil e que tenha ética na administração pública seja o próximo presidente Esse só tá aí Devido ao contorcionismo Jurídico das altas cortes de justiça do Brasil
ResponderExcluir" Não foi um equívoco circunstancial, mas o fruto de uma estratégia geral. Lula vive no passado: o mundo do dinheiro farto de seus mandatos anteriores. Ancorado nas suas memórias e hipnotizado pela crença arrogante de que sua genialidade pariu aquele mundo, o candidato Lula pregou a restauração da política econômica exercitada numa era de ilusões. A dura prova da realidade tardou meros 18 meses. "
ResponderExcluir😏😏😏
Cruzes!
ResponderExcluirA velha retórica magnoliana antipetista e antilulista... Misturando verdades com meia verdades e seus ranços ideológicos, o colunista recebeu mais uns trocados pra/por criticar o PT e Lula. Quanto será que vale este texto pro seu autor, financeiramente falando?
ResponderExcluir