quinta-feira, 20 de junho de 2024

Geraldo Alckmin - O Brasil de volta ao mundo

O Globo

Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível confere densidade ao relacionamento com o nosso maior parceiro comercial

Desde o começo de seu mandato, o presidente Lula vem se dedicando ao exercício da diplomacia presidencial. A exemplo de seus governos anteriores, sua postura ativa e altiva na condução de nossa política externa tem se traduzido em ganhos concretos para o Brasil, tanto na reconstrução de suas credenciais, no estabelecimento de parcerias, como na captação de recursos financeiros. Em apoio à atuação presidencial, a Vice-Presidência da República tem também buscado contribuir para esse esforço.

Nos dias 4, 5, 6 e 7 de junho, realizamos uma importante missão a Pequim, por ocasião da VII Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível (Cosban). Estabelecida em 2004, no primeiro mandato do presidente Lula, a comissão é copresidida pelos vice-presidentes de Brasil e China, sendo nosso mecanismo de diálogo e cooperação mais abrangente. Dividida em 11 subcomissões, que cobrem grande número de temas, como agricultura, comércio e tecnologia, a Cosban confere densidade, eficiência e continuidade ao relacionamento do Brasil com nosso maior parceiro comercial.

Os laços com a China ganharam tamanha envergadura que os encontros bienais da Cosban se tornaram catalisadores de uma série de eventos entre empresários brasileiros e chineses, que se organizam por meio de instituições como o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

A reunião da Cosban deste ano, especificamente, teve grande significado, seja porque completamos 50 anos das relações diplomáticas entre nossos países e 20 da comissão, seja pelos amplos resultados auferidos pela missão brasileira, que contou com a participação dos ministros Carlos FávaroSimone TebetMárcio FrançaWellington Dias e Paulo Teixeira, além dos presidentes da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, e da ApexBrasil, Jorge Viana, e da secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura da Rocha.

Além de passarmos em revista as conclusões das subcomissões, como a abertura do mercado chinês para noz-pecã, a parceria entre o BNDES e o Claifund e o anúncio da nova geração de satélites sino-brasileiros, o CBERS-5, anunciamos a captação de R$ 24,6 bilhões em empréstimos para infraestrutura, R$ 10 bilhões dos quais para a reconstrução do Rio Grande do Sul.

Também nos reunimos com diversas empresas chinesas e brasileiras, de setores como saúde, celulose, proteína animal, aviação, automóveis, baterias, motores elétricos e infraestrutura, identificando desafios e oportunidades para ampliação de seus investimentos. Uma delas, a Sinovac, anunciou que investirá R$ 500 milhões para produzir vacinas e desenvolver terapias celulares, em parceria com a Fiocruz.

Além disso, a ApexBrasil firmou memorando com a Luckin Coffee, maior rede de cafeterias da China, para compra de US$ 500 milhões em café brasileiro e, ainda, um acordo com o governo de Xangai, para instalação da Casa Brasil, um hub de inovação para empresários dos dois países. O encontro da Cosban também acelerou tratativas que devem se consumar na visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, em novembro deste ano, como a abertura do mercado chinês para a uva brasileira e, possivelmente, o reconhecimento adequado do status sanitário da carne brasileira.

A caminho de Pequim, cumprimos, ainda, uma breve mas intensa agenda em Riad, na Arábia Saudita, nosso maior parceiro no Oriente Médio. Além de celebrarmos um acordo de defesa para o desenvolvimento de produtos, treinamentos militares conjuntos e transferência de tecnologias, participamos da assinatura de um memorando entre a ApexBrasil e uma grande rede de supermercados em franca expansão na Península Arábica, para promoção de até 200 produtos no mercado saudita.

Também participamos de um grande encontro entre fundos de investimento dos dois países, incluindo o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF, na sigla inglesa), que se tornou o fundo soberano mais ativo do mundo em 2023 e já sinalizou que investirá R$ 50 bilhões em infraestrutura no Brasil.

Balizando-se nas diretrizes estabelecidas pelo presidente da República e com o indispensável e valoroso apoio do Itamaraty, a Vice-Presidência da República vem contribuindo para fortalecer a política externa brasileira, aproveitando oportunidades externas à luz das necessidades internas de nosso país.

 

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