O Globo
Vemos que, diante de desastres como a
pandemia, enchentes e incêndios, a sociedade se mobiliza, se une
Durante a pandemia de Covid-19, testemunhamos
a complexidade e as injustiças sociais de um país profundamente desigual. A
crise sanitária funcionou como um naufrágio em que o afogamento era seletivo,
deixando muitos sem sequer uma boia de salvação. Aquele período de extremo
sofrimento nos lançou numa escuridão em que o futuro parecia incerto.
Vimos a perda de fé nas instituições, a desconfiança na ciência, a indignação com a política, a incredulidade nas notícias da imprensa oficial e uma inundação de desinformação produzida em massa. No entanto, mesmo em meio ao caos, houve uma mobilização expressiva de recursos e solidariedade de todos os lados. A fé na vida e o compromisso com a sobrevivência naquele momento foram luz na nossa travessia.
Agora, enfrentamos novamente uma realidade de
sofrimento, desta vez no Rio Grande do Sul. As enchentes trouxeram destruição,
mas também uma forte onda de solidariedade que transbordou com a água. Vimos a
esperança renascer, pessoas se descobrirem líderes, se engajarem em agendas
coletivas e aumentarem sua participação na vida comunitária. Muitos
reconheceram o potencial que tem um povo organizado por laços de solidariedade
e sentimento de humanidade.
Esse legado é essencial num país onde a
violência virou linguagem política, as notícias falsas proliferam como doença
contagiosa, e as crenças estão abaladas. A resiliência demonstrada pelas
pessoas na base da pirâmide tem um poder reconstrutivo imenso. Sem romantizar,
mas reconhecendo a força dessas ações, vemos que, diante de desastres como a
pandemia, enchentes e incêndios, a sociedade se mobiliza, se une e, na
reconstrução, concentra-se em soluções coletivas, empreendedorismo e novas
saídas.
Empresas que acreditam nessa força participam
desses eventos de reconstrução, criando oportunidades para quem empreende. Este
momento serve como vitrine para casos em que a união e a solidariedade não só
ajudam a superar crises, mas também a construir um futuro mais justo e
resiliente. Ao fazermos brotar um novo repertório de ações e agendas públicas,
aprendemos que, no caos, podemos fazer renascer a esperança e a capacidade de
transformação.
Contudo não podemos abdicar do papel e da
força institucional do Estado, compreendendo inclusive as finalidades e
funcionalidades de cada poder. Essa instância mediadora dos conflitos sociais e
da vontade do conjunto de indivíduos de uma nação surgiu, justamente, com base
num contrato social que organiza as relações econômicas, políticas e jurídicas
de um povo.
Exatamente!
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