Folha de S. Paulo
Quem vibra com Portugal hoje não o imagina o
país triste e atrasado de apenas 50 anos atrás
Leitores habituados a ir a Portugal nos
últimos tempos e a se encantar com a vida e a euforia de suas cidades parecem
acreditar que sempre foi assim. Daí estranharem quando o classifiquei outro dia
("Desmemória coletiva")
de ser, antes do dia 25 de abril de 1974, o país "mais triste e atrasado
da Europa".
"Como assim?", perguntaram. "Que milagre aconteceu nesses 50
anos?" É uma resposta que deixo aos economistas. Só posso descrever como
era naquele tempo —porque eu estava lá.
Era o país dos homens de cinza e das mulheres de preto, em permanente luto por uma vida sem expectativas. Uma ditadura de 48 anos dependente da receita colonial e fascista. A polícia política por toda parte. Ninguém era estimulado a investir, a se arriscar. O analfabetismo batia os 60%. O congelamento dos táxis e dos aluguéis, de décadas, dizia tudo —os carros e os imóveis caíam de velhos, assim como o país.
Aliás, era o país dos velhos. Eu tinha 26
anos e não via gente da minha idade ao meu redor. Os moços estavam na África,
na guerra contra os movimentos de libertação de suas colônias, Angola,
Moçambique e Guiné —os poucos nas ruas de Lisboa eram os mandados de volta,
ainda de farda, sem um braço ou perna, perdido em combate. Era uma guerra
impopular, que sangrava o país e que o governo mantinha com dinheiro tomado aos
bancos. A imprensa, esmagada pela censura, mentia sobre o seu andamento —todos
já a sabiam perdida. As moças, inexpugnáveis, viviam trancadas em casa. Os
costumes eram do século 13.
Portugal era um belíssimo túmulo ao sol, mas
nem o sol lhe servia para nada. Enquanto a Espanha, também uma ditadura, fervia
de turistas, tudo conspirava contra eles em Portugal. Um visto de entrada era
uma agonia. Até a Coca-Cola era proibida. Todos os dias tinham a modorra dos
domingos.
Não é que Portugal seja hoje outro país. É
outro planeta.
Mas se você teve recentemente viu que a migração aberta e desenfreada está levando a uma situação social difícil com aumento de criminalidade , pessoas vivendo em situações insalubres verdadeiros cortiços proliferando pelas cidades, principalmente os imigrantes africanos
ResponderExcluirO Partido chega faz muito bem em ter essa política da migração como uma das principais questões a ser discutida
O partido conservador Liberal de direita Chega, tinha duas cadeiras na câmera portuguesa , nessas últimas eleições passou para 50
O fenômeno que observamos na Europa é irreversível , o povo deu um basta na política autoritária e demagógica dos governos de esquerda
Aumentaram o número de cadeiras porque muitos bolsonaristas que vieram morar em Portugal votaram nesta eleição. Os Portugueses não esqueceram do Salazarismo. O aumento da extrema direita na europa se deve a falta de informação e alienação das novas gerações.
ExcluirOs dias de domingo são modorrentos mesmo,rs.
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