O Estado de S. Paulo
Com a omissão estimulante do TCU, governo
Lula manteve em termos generosos contrato que a Âmbar Energia descumpriu
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu a suspensão cautelar
do acordo entre governo Lula, Aneel (outrora agência reguladora) e Âmbar Energia.
Suspender para avaliar o troço. O mínimo, se
preocupação houver com o interesse público. O arranjo a ter eficácia a partir
de 22 de julho. Concerto pelo qual o TCU, órgão fiscalizador que se atribuiu a
conflitante função conciliadora, demonstra simpatia.
Por eficácia, compreenda-se: pagamentos de dinheiros públicos à empresa. Por simpatia: desqualificadas as recomendações contrárias da unidade especializada da corte, abençoar o bicho tirando o corpo fora e deixar consagrar. Bastaria – bastará – um senão do TCU para brecá-lo. O silêncio a dez dias de fazer a simpatia se materializar em eficácia.
O acordo – obra de arte do consenso sem
concordância – é produto de contrato descumprido pela Âmbar. Um prêmio. Outras
companhias, sob infrações similares, não tiveram a mesma fortuna.
Singular, pois, o cuidado para com a empresa
dos irmãos Batista. Que, conforme revelou reportagem da revista Piauí, deveria construir quatro
termelétricas e garantir energia reserva ao sistema, demanda emergencial
decorrente da crise hídrica de 2021. O limite curto (dez meses) pactuado para a
entrega embutindo muitos bilhões aos vencedores do leilão. Ninguém foi obrigado
a aderir.
A Âmbar nunca entregou, vencidos os prazos e
para muito além. Nunca ergueu – deveria construí-las – as plantas. Numa solução
puxadinho, lançou-se a arrendamentos. Hoje, recorre a uma usina antiga. Jamais
entregou. Testes evidenciariam a incapacidade técnica das gambiarras
responderem ao exigido. Caso de contrato – cláusulas claríssimas – violado
absolutamente. Transgressão posta e exposta com a situação hídrica já
normalizada, lesiva aos cofres públicos a manutenção do negócio.
Era rescindir e aplicar a multa, algo próximo
a R$ 6 bilhões, baixíssima – para não dizer inexistente – a possibilidade de
contestação judicial da empresa ter sucesso. Não para o zeloso Ministério das
Minas e Energia. Que pressentia o pior dos cenários jurídicos. Donde costuraria
e firmaria – ante a simpatia de extração omissa-eficaz do TCU – ajuste pelo
qual, em vez de multa pesada e encerramento unilateral do contrato, a Âmbar,
estendidos os prazos e flexibilizada a prestação de serviços, levará mais de R$
9 bilhões.
Descontada a penalidade rebaixada de R$ 1.1
bilhão, uma variação de cerca de R$ 14 bilhões entre o que o governo deveria
receber e o que, tudo o mais constante, pagará. Por energia cara e ora
desnecessária. Com a palavra, o Tribunal de Contas da União.
Cabe um olhar perscrutador sobre as empresas dos Irmãos Batista - negociatas e lobbies sempre lucrativos com a complacência, cumplicidade e cobertura dos governos de plantão. Um escândalo desde o primeiro governo Lula
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