Folha de S. Paulo
Enviado por Lula à Venezuela verificará se
Maduro é capaz de aceitar derrota eleitoral
Maduro prometeu vencer as eleições "por
bem ou por mal". A Venezuela é uma ditadura singular, descrita pelo
ditador como "união cívico-militar-policial". Faltou esclarecer que a
"união" é gerida por uma máfia cleptocrática apoiada na intimidação,
na violência e em extensas redes de clientelismo. Celso Amorim, enviado por
Lula, observará se o regime é capaz de aceitar, por bem, a derrota eleitoral
avassaladora indicada pelas pesquisas.
O chavismo nasceu das urnas, numa revolução nacionalista pacífica concluída pela Constituição de 1999. Nela estavam as sementes da lenta transição da democracia representativa à democracia plebiscitária, ou seja, à tirania da maioria. Foi isso que Lula caracterizou, com uma ponta de inveja, como "democracia até demais".
Na etapa inicial, Chávez representava a
maioria, utilizando-a para enfeixar poderes crescentes, subordinando o
Judiciário, as forças armadas, o serviço público e os veículos de comunicação.
À sombra do ciclo internacional de commodities, o petro-regime chavista
conservou a hegemonia social sem recorrer à violência sistemática. Lula
ofereceu-lhe amparo político e diplomático, tornando-se cúmplice da longa
operação de erosão democrática.
O encerramento do ciclo econômico e a morte
de Chávez, em 2013, inauguraram a era Maduro. O "bolivarianismo"
perdeu sua base popular, sedimentando-se como ditadura devastadora. A falência
venezuelana tem muitos índices, mas deve ser sintetizada num número: 7,7
milhões, um quarto da população total, fugiram do país na última década, num
êxodo maior que o deflagrado pela guerra na Síria.
Nas últimas eleições competitivas, realizadas
em 2015, para a Assembleia Nacional, a oposição triunfou com 56% dos votos,
contra 38% para o chavismo. Dois anos depois, o regime extirpou a Assembleia de
seus poderes, substituindo-a por uma Constituinte oficialista. Maduro decidiu
que vencer "por mal" era a única solução. Lula seguiu fiel ao
companheiro ditador.
O Acordo de Barbados, firmado entre o regime
e a oposição, começou a ser costurado em maio de 2023, quando Lula recebeu
Maduro em Brasília. A ditadura cambaleante precisava livrar-se das sanções dos
EUA para reativar o setor petrolífero – e prometia, em troca, patrocinar
eleições livres. Biden e Lula vestiram o figurino de fiadores diplomáticos do
acordo, abrindo a via para o pleito deste domingo (28/7).
Maduro nunca pretendeu honrar o compromisso.
Violando-o seguidamente, proibiu o acesso de observadores europeus, vetou a
candidatura de Corina Machado e de sua substituta, Corina Yoris, providenciou
ordens de prisão contra dezenas de opositores e bloqueou os sites independentes
venezuelanos. Cada um desses passos foi admitido, com silêncio resignado ou
murmúrios ambivalentes, pelo fiador brasileiro. Contudo, apesar deles, as
sondagens sugerem acachapante vitória de Edmundo Urrutia, o discreto diplomata convertido,
na hora final, em candidato opositor.
A qualidade distintiva da democracia é a
garantia de que os governantes derrotados não enfrentarão a vingança arbitrária
dos oposicionistas triunfantes. Ditadores não têm o hábito de ceder o poder
pacificamente pois temem a justa punição por seus crimes. É por isso que Maduro
proclama a seus associados mafiosos que triunfará "por bem ou por
mal". Se o passado serve como bússola, Celso Amorim, o observador
brasileiro, pouco se importa com a segunda alternativa.
Urrutia e Corina Machado descortinaram nos
últimos dias, talvez tarde demais, uma proposta de anistia e reconciliação
nacional. Os próceres da ditadura enfrentam acusações criminais nos EUA e no
TPI. Lula poderia ter usado sua influência na articulação de um perdão
internacional aos chefões chavistas, contribuindo para uma transição pacífica.
Não o fez, confiando no triunfo de Maduro. Agora, resta-lhe apenas observar.
Ir-re-to-cá-vel !
ResponderExcluirPerfeito!
👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
😊😊😊
Demétrio não deixa barato.
ResponderExcluirMeias verdades, meias mentiras, e pitadas cavalares da ideologia magnoliana... Pra quem gosta de ser enganado, um prato cheio!
ResponderExcluirAnônimo é FDP² e bastardo, pois nem nome tem. Seu texto é imbecil e covarde; enfim, um tremendo petralha. MAM
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