Correio Braziliense
Hoje, estão isentos de impostos federais
(como IPI, PIS e Cofins), mas a maioria dos estados, no entanto, cobra o ICMS
sobre esses produtos, ou seja, a proteína animal
Promessa de campanha do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a picanha do fim de semana pode ficar mais longe da mesa
da maioria dos brasileiros, após a regulamentação da reforma tributária. Hoje,
a picanha custa em média R$ 59 o quilo nos supermercados. Nem a carne de
segunda, o suíno, o frango e o peixe, na proposta dos relatores da reforma,
farão parte da lista de produtos da cesta básica com alíquota zero de tributos.
Será uma derrota dos consumidores de mais baixa renda. Músculo, rabo, bucho,
mocotó, pé de porco, pescoço de galinha, a tilápia, tudo isso pagará imposto
igual ao da picanha.
O relatório do projeto de lei complementar (PLP 68/2024), que regulamenta a reforma tributária, foi apresentado, nesta quinta-feira, pelo grupo de trabalho da Câmara que analisou a proposta original do governo. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), pretende votar a regulamentação na próxima semana. O grupo de trabalho apresentou o relatório e manteve a proteína animal com uma isenção de 60%, como originalmente havia sido encaminhada pelo governo.
Na terça-feira, Lula defendeu a inclusão da
carne na cesta básica: “Eu acho que temos que fazer diferenciação. Você tem
vários tipos de carne, tem carne chique, de primeiríssima qualidade, que o cara
que consome pode pagar um impostozinho. Agora, você tem outro tipo de carne,
que é a carne que o povo consome. Frango, por exemplo, não precisa ter imposto.
Frango faz parte do dia a dia do povo brasileiro, ovo faz parte do dia a dia.
Uma carne, sabe, um músculo, um acém, coxão mole, tudo isso pode ser evitado”.
A argumentação de Lula não colou, os técnicos
dizem que é impossível fiscalizar o corte da carne, que a diferença entre a
picanha e o coxão seria apenas a forma de cortar. O grupo de trabalho também
argumentou que a medida traria impactos na alíquota de referência do IVA, que é
26,5%. O peso dos impostos sobre as carnes, de uma forma geral, está em 12,7%
atualmente (considerando o ICMS estadual e, também, resíduos tributários, ou
seja, impostos sobre impostos).
Com a tributação parcial instituída pela
reforma tributária, que cobrará impostos não cumulativos, a área econômica
avalia que o peso desses tributos cairá para 10,6%. A solução proposta pelo
grupo de trabalho seria criar o cashback para a população de baixa renda
receber o imposto de volta. O povo nem sabe o que é isso. A burocracia seria
muito maior do que a da fila dos aeroportos, quando se recebe de volta parte
dos impostos cobrados, mas é melhor que nada. Segundo o deputado Cláudio
Cajado, nunca houve tarifa zero. A carne bovina e a de frango continuariam na
cesta básica com taxação parcial (alíquota de 40% do total).
Hoje, a carne bovina e o frango estão isentos
de impostos federais (como IPI, PIS e Cofins), mas a maioria dos estados, no
entanto, cobra o ICMS sobre esses produtos. Esses tributos serão substituídos,
nos próximos anos, pelo IBS e pela CBS, impostos sobre o valor agregado dos
estados, municípios e da União. Por isso, a regra está sendo rediscutida. Pela
proposta de emenda à Constituição (PEC), cinco tributos serão substituídos por
dois Impostos sobre Valor Agregado (IVAs) — com legislação única, sendo um gerenciado
pela União e outro com gestão compartilhada entre estados e municípios.
Armas mais baratas
São a Contribuição sobre Bens e Serviços
(CBS), com gestão federal, que unificará IPI, PIS e Cofins; e o Imposto sobre
Bens e Serviços (IBS), com gestão compartilhada com estados e municípios, que
unificará ICMS (estadual) e ISS (municipal). Além da CBS federal e do IBS
estadual e municipal, será cobrado um imposto seletivo (sobre produtos nocivos
à saúde) e um IPI sobre produtos produzidos pela Zona Franca de Manaus, mas
fora da região com benefício fiscal.
Pela reforma tributária, cada empresa pagará
somente o valor que lhe couber na produção, obtendo crédito pelos insumos
utilizados. Para manter a atual carga tributária, considerada elevada, todos os
impostos somariam cerca de 26,5%, o que já é uma das maiores do mundo. Quando
um segmento é diretamente beneficiado pela redução dos impostos, para a conta
fechar, a diferença repercute na alíquota geral.
Absorventes, tampões higiênicos e coletores
menstruais foram beneficiados com a tarifa zero; Bets e os carros elétricos
foram incluídos no Imposto Seletivo, o “imposto do pecado”, ao lado do cigarro,
bebidas (com taxação proporcional ao teor alcoólico), iates e lanchas.
Entretanto, os caminhões elétricos ficaram de fora. As armas também foram
excluídas do imposto especial. Hoje, a alíquota do Imposto sobre Produto
Industrializado (IPI) das armas de fogo é equivalente a 55%, as munições têm
taxação de 25%. Com a reforma, esses produtos serão taxados de acordo com a
alíquota geral, estimada em 26,5%.
“Armas foi um debate que tivemos na emenda
constitucional. A gente ia constitucionalizar o imposto seletivo nas armas, mas
nós (governo) perdemos”, destacou o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), relator
da reforma, ao apresentar as propostas. O petista, porém, não descartou a
elevação do imposto sobre armamentos por meio de emenda em plenário. Com mais
de 300 páginas, o relatório foi negociado pelo grupo de trabalho com a equipe
econômica e os grupos empresariais envolvidos, mas a Câmara ainda pode fazer mudanças
na próxima semana. O Senado dará a palavra final, porque a tramitação começou
por lá e terá que voltar para aprovação dos senadores.
Tanto corte Para o povo e 16 bilhões para artistas Esse o governo Lula Aonde picanha vira pé de galinha
ResponderExcluirAnônimo não leu a matéria ou é má-fé.
ResponderExcluirNão passou, assim como as armas, por conta da oposição bolsonarista, inclusive, meu caro.
E os cortes na saúde , educação e controle do meio ambiente?
ResponderExcluirUma barafunda completa!
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