sábado, 10 de agosto de 2024

Alvaro Costa e Silva - Cria cuervos

Folha de S. Paulo

Candidatos linha-dura têm planos bélicos para guardas civis

Investigado por espionar o STF e a Receita e atacar o sistema eleitoral, Alexandre Ramagem perdeu a alcunha. Na hora de pedir votos à Prefeitura do Rio, não será mais o "delegado". A decisão de retirar o termo se justifica, segundo os marqueteiros, para não ferir a sensibilidade de quem vive nas favelas. Parece piada. Quando a campanha não engrena, inventa-se um factoide. Mentiras que não fazem o menor sentido e não enganam ninguém.

O PL, partido de Ramagem, arregimentou uma escuderia de policiais militares, delegados, militares do Exército e até mesmo guardas municipais para formar as chapas que vão concorrer a prefeituras das capitais sem nem sequer pensar em favelados. As escolhas tiveram interferência direta de Bolsonaro, o cabo eleitoral que é dono da sigla.

Longe vai o tempo dos inspetores de quarteirão, do guarda de esquina e das duplas Cosme e Damião. A nacionalização do pleito reforça o discurso da segurança pública a qualquer preço. A violência urbana, com razão, preocupa os eleitores, ainda que prefeitos tenham menor influência para combatê-la. A responsabilidade é dos governos estaduais, de acordo com a Constituição. Mas os candidatos linha-dura projetam uma guerra particular.

Os planos bélicos podem esconder outros interesses. Há no Congresso, atiçada pela bancada da bala, uma PEC para ampliar a segurança jurídica e transformar a Guarda Municipal em Polícia Municipal. Já há guardas civis em 22 capitais, 20 delas armadas, seis fazendo uso de fuzis. Um pequeno exército, sem papel definido, correndo risco de se corromper.

O Ministério Público de São Paulo investiga um "ecossistema criminoso" na região da cracolândia. Agentes da CGM movimentaram ao menos R$ 4 milhões desde 2020 com cobrança ilegal de proteção a comerciantes e venda de armas. É o modus operandi das milícias. "Cría cuervos y te sacarán los ojos", diz o ditado espanhol.

 

Um comentário:

  1. Bolsonaro o cabo eleitoral das trevas que alimenta a insegurança para vender segurança fascista

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