O Globo
Se for trocado por Pablo Marçal na eleição de
SP, Ricardo Nunes não terá a quem culpar
Na segunda-feira, Pablo Marçal culpou Carlos
Bolsonaro pela derrota do pai na corrida presidencial. “Ele é um retardado
mental. Um estúpido”, disparou. Dois dias depois, o vereador e o coach se
falaram por telefone. Ao relatar a conversa, Carluxo engoliu os desaforos e
elogiou o detrator. “Queremos rumar nas mesmas direções”, garantiu.
Interpretar o Zero Dois não é tarefa para iniciantes, mas desta vez a mensagem foi clara. O clã mediu os riscos e desistiu de declarar guerra a Marçal. O armistício abre caminho para uma aliança no segundo turno da eleição paulistana. Ou no primeiro, se a candidatura de Ricardo Nunes derreter nas próximas semanas.
Os seguidores do Mito já iniciaram uma
migração. De acordo com o Datafolha, Marçal subiu de 29% para 44% entre os
eleitores de Bolsonaro. Nunes caiu de 38% para 30% no mesmo público, apesar do
apoio formal do ex-presidente.
Na semana passada, o capitão ensaiou
torpedear o coach para tentar conter seu crescimento. Agora agita a bandeira
branca em sinal de trégua. Em vídeo divulgado na quarta, ele informou que
“qualquer candidato” poderá subir em seu palanque no 7 de Setembro. Nunes
confirmou presença, mas arrisca ser recebido com vaias.
O ex-governador Leonel Brizola, que amargou
muitas traições em sua longa carreira política, diria que Bolsonaro está
costeando o alambrado. O movimento aumenta a pressão sobre Nunes, que precisará
se curvar ao clã para tentar evitar uma debandada.
Aliados do capitão reclamam que o prefeito
pediu ajuda, mas evitou abraçar suas bandeiras. É uma meia verdade, porque
Nunes entregou a vice a um coronel brucutu, e sua gestão flertou com o
obscurantismo ao dificultar o acesso de mulheres ao aborto legal.
Hoje começa a propaganda obrigatória em rádio
e TV. O prefeito terá mais de 60% das inserções, mas auxiliares já admitem que
o latifúndio pode não ser suficiente para conter o avanço de Marçal. Se perder
a reeleição, Nunes não terá a quem culpar pela estratégia que ele mesmo
escolheu. Em 2020, Bruno Covas dispensou o apoio de Bolsonaro e venceu
Guilherme Boulos em 50 das 58 zonas eleitorais.
Bruno Covas era respeitado, filho de um grande político e com luz própria. Nunes e Marçal são criaturas das trevas, saíram do esgoto onde se escondiam e sonham com o estrelato depois de pequenos crimes e muitas mentiras.
ResponderExcluirBruno Covas era neto de Mário Covas.
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