O Estado de S. Paulo
O ‘Berlusconi do Brasil’ não passou de um voo de galinha nas eleições de 1989 e de 2002
Primeira eleição direta após a ditadura
militar, a elite apavorada com o “risco” de vitória de Luiz Inácio Lula da
Silva ou de Leonel Brizola e a surpresa Fernando Collor de Melo disparando. Era
1989 e um passarinho me alertou para uma reunião sigilosa que aconteceria num
resort às margens do Lago Paranoá em Brasília, no dia seguinte. Foi nessa
reunião que Silvio Santos disse sim à aventura de concorrer à Presidência da
República.
A Academia de Tênis Resort tinha bangalôs, com os quartos em cima e garagens individuais em baixo. Pedi um copo d´água ao motorista e fui ficando por ali, o suficiente para ouvir fragmentos da conversa que ocorria logo acima. Corri para a redação do Estadão e escrevi o que imaginei ser a manchete do dia seguinte: Silvio Santos candidato! Mas o jornal achou tão absurdo que só publicou discretamente uns poucos parágrafos.
Essa história está relatada no livro “O Sonho
Sequestrado”, do médico, ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha (PB), um
dos “autênticos do MDB”, grupo à esquerda do partido na ditadura, que depois
migrou para o PFL, liberal, na redemocratização. Ele foi um dos mentores da
candidatura Silvio Santos e vice na chapa. Foi assim que Gadelha e os também
senadores do PFL Hugo Napoleão (PI) e Edison Lobão (MA) viraram “os três
porquinhos”, numa alusão à “lambança” tentada em 1989. E Collor venceu, depois
afastado e, enfim, alvo de impeachment. Silvio Santos, gênio dos negócios e da
comunicação, não era político, nunca teve de fato um partido, nunca geriu
recursos públicos, não entendia nada de Congresso, mas o trio pefelista sonhava
derrotar tanto Collor quanto Lula e Brizola, reproduzindo no Brasil o fenômeno
Sílvio Berlusconi na Itália. Que, aliás, já era escandaloso por lá.
A Justiça Eleitoral deu um jeito, cassando a
candidatura sob pretextos burocráticos contra o partido de Silvio Santos, o
PMB. Na verdade – e isso é o que Gadelha conta no livro – a aventura desmoronou
pela ação ativa e implacável de setores do Judiciário, do próprio Legislativo e
da mídia. A ascensão e queda do voo de SS na política foi meteórica, mas houve
uma segunda tentativa.
Em 2002, o nome de Silvio Santos foi jogado
novamente no ar. Em abril, a seis meses das eleições presidenciais, com Lula já
disparado na frente, contra José Serra, Ciro Gomes e Anthony Garotinho, SS já
chegou na corrida com 17,8% na CNT-Sensus, em segundo lugar. Foi um novo voo de
galinha e, assim, o Brasil seguiu com seus solavancos políticos, mas manteve o
seu maior comunicador até o fim e livrou-se de uma aventura de consequências
inimagináveis.
Por traz de todos esses fatores acontecia a criação do Mercosul através da ALAD, ALAC e outros e por conseguinte o Parlamento Latino Americano enquanto os militares tomavam conta da diretoria dos Sindicatos do ABC Paulista, chegando ao ponto da justiça cobrar cem mil por dia de Greve, anos mais tarde, sem contestações por parte dos sindicatos com uma grande poupança do bolso dos trabalhadores do Brasil e aí se explica a polaridade atual ou seja, OS MESMOS.
ResponderExcluirSilvio Santos,o homem sorriso do rádio.
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