Folha de S. Paulo
Quem nega esse fato solapa a ciência política
e despreza a crise humanitária que assola o país
O governo da Venezuela é
uma ditadura. Não importa que Lula, seu assessor Celso Amorim e o PT afirmem o
contrário. O regime de Nicolás
Maduro não preenche nenhum dos requisitos de uma democracia, a
começar pelas eleições farsescas, como a realizada no domingo (28).
Além de se recusar a divulgar as atas do
pleito, o governo interferiu na disputa ao impedir candidaturas da oposição e
coagir eleitores.
Como em toda ditadura, o aparato policial do Estado persegue jornalistas e dissidentes. No Índice de Liberdade de Imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras, a Venezuela é a 159ª colocada entre 180 nações.
Estima-se que 125 pessoas foram mortas nos
protestos de 2017. O Tribunal Penal Internacional levantou mais de 1.500
denúncias de abusos das forças de segurança, enquanto a ONU computou 122 casos
de tortura e violência sexual.
O governo da Venezuela é de esquerda. Não
importa que militantes e até parte da imprensa digam que não é —no caso dos
jornalistas, solapar dados históricos e princípios básicos da economia e da
ciência política desse modo é vergonhoso.
Maduro é cria do chavismo, uma ideologia
populista passadista que se apoia no anticolonialismo de Simón Bolívar e no
discurso socialista dos anos 1960, como a crítica ao livre mercado e ao
imperialismo dos EUA. No Índice de Liberdade Econômica de 2023, a Venezuela
está na posição 174 —à frente apenas de outras duas ditaduras de esquerda, Cuba
e Coreia do Norte.
Diz-se que seria de direita pois é
militarista, tem apoio de evangélicos, não legaliza o aborto, nem respeita
homossexuais. Mas tal argumento é um disparate, já que o esquerdismo de Maduro
é datado, relativo ao período da Guerra Fria, não o em voga identitário, focado
nos costumes.
O governo da Venezuela é uma ditadura de
esquerda. Os cerca de 8 milhões de refugiados do país, que escaparam da fome e
da violência estatal, a sentiram na pele. Não importa o malabarismo conceitual
do PT, da militância e de parte da imprensa.
Certeza que essa será a última coluna dessa repórter, escancarar a realidade é proibido, ainda mais nesse jornal.....
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