Folha de S. Paulo
Da sala de situação ao conselho contra
desastres, ainda falta tratar a emergência climática como uma emergência
O governo criou em junho uma sala de
situação para enfrentar a seca e os incêndios no país. Na
primeira reunião, o grupo discutiu formas de facilitar a contratação de
brigadistas. No segundo encontro, Marina Silva disse
que os órgãos federais operavam "em plenas condições" de ação.
"Já sabíamos que este ano seria severo", disse a ministra.
Tudo indica que a turma daquela sala avaliou mal a situação. Nos meses seguintes, o fogo se espalhou e a fumaça tomou boa parte do território nacional. A crise chegou ao Supremo, que determinou o aumento do número de brigadistas em ação. Com quase 700 focos de incêndio registrados no ano, o presidente Lula reuniu autoridades no Planalto e admitiu: "A gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas".
A ciranda da alta burocracia é um sintoma do
fracasso geral no combate às queimadas.
Da sala de situação, saiu a instalação de uma força-tarefa para atacar o
problema. Depois, o governo começou a discutir a criação de
uma autoridade climática e a formação de um conselho para
enfrentar os desastres naturais. A reunião de cúpula dos três Poderes, na
terça-feira (17), completou o ciclo do oficialismo.
O país não tem pessoal e equipamento
suficientes para dar conta de uma crise de dimensões tão grandes. Conselhos e
grupos de trabalho podem se reunir para fazer as contas e reformular a
estrutura de resposta a desastres desse tipo, mas será tarde.
Há um capítulo reservado à reação lenta,
insuficiente e ineficaz de governadores, chefes dos corpos de bombeiros.
Ibaneis Rocha (DF) foi uma notável ausência enquanto a fumaça tomava a capital
do país. Tarcísio de Freitas (SP) confessou a Marina Silva a sensação de
impotência provocada pelo fogaréu, e Ronaldo Caiado (GO) reclamou do que seria
uma obstrução à atuação dos estados.
Na reunião de terça-feira, quase todas as
autoridades deram peso às suspeitas de ação criminosa nas queimadas. Há muitos
indícios que apontam nessa direção, mas nenhum deles reduz responsabilidades ou
acaba com a obrigação de enfrentar de maneira firme e acelerada as
consequências desses crimes. Ainda falta tratar a
emergência climática como uma emergência.
Brilhante, perfeito! Lula foi omisso e os governadores, muito pouco preocupados com os crimes ambientais e problemas derivados deles que se espalham hoje por todo o país.
ResponderExcluirCulpa do imponderável e de ações criminosas.
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