Folha de S. Paulo
Último protesto de 7 de Setembro sugere que
alguma coisa mudou
Por alguns anos, as manifestações convocadas
por Jair
Bolsonaro foram termômetro e ferramenta de coesão da direita
radical. Levaram às
ruas bandeiras autoritárias, deram forma a causas excêntricas como o
anticomunismo e foram essenciais para cultivar o caldo golpista. Os protestos
indicavam até onde o ex-presidente estava disposto a ir e dava uma pista de
quanta gente topava acompanhá-lo.
O último 7 de Setembro sugere que alguma coisa mudou. Os atos se tornaram mais previsíveis, demonstram capacidade de mobilização mais limitada e, mesmo quando têm combustível à disposição, produzem menos calor.
Bolsonaro levou ao trio elétrico na avenida
Paulista um repeteco de discursos passados. Estavam lá o atentado de
2018, o pedido de
anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023 e um favorito de sua
turma: a classificação de Alexandre de
Moraes como ditador.
A frase mais emblemática apareceu num formato
novo e ajuda a explicar o estado das coisas. Ao pedir que o Senado vote o
impeachment do ministro do STF, Bolsonaro
disse que Moraes "faz
mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva".
A hierarquia revela um ex-presidente que
enfrenta um risco real de condenações criminais. A briga pela sobrevivência é
exibida de maneira nua, deixando uma causa política mais ampla e agregadora em
segundo plano.
Nesse sentido, a divisão provocada por Pablo Marçal aparece
como sintoma. Para uma parte do público de direita, o surgimento de uma
alternativa na praça torna menos urgente e aflitiva a luta para salvar a pele
de Bolsonaro.
Além disso, a maneira como o bolsonarismo
distorce a defesa da liberdade de expressão já ofereceu ao ex-presidente
resultados melhores. A manifestação de domingo esteve longe de ser um fracasso
de público, mas outros protestos levaram muito mais
gente às ruas ou tiveram um grau de octanagem maior, capaz de
incendiar políticos e apoiadores.
Atos anteriores mostraram força suficiente
para dar tração a convocações políticas até fora de bolhas radicais. Agora, o
protesto gerou pouca novidade e não fez o barulho necessário para mudar o ânimo
de senadores diante do pedido de impeachment de Moraes.
Muito bom, o GENOCIDA está se borrando de medo de ser julgado e PRESO! Demorou... Tá mais que na hora disso acontecer!
ResponderExcluirPois é.
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