terça-feira, 10 de setembro de 2024

Carlos Andreazza - A punição eleita

O Estado de S. Paulo

Vote não por realizações de governo. Por forra instantânea

A campanha de Pablo Marçal tem fundamento na ideia de punição. É explícito. Declarado mesmo. Algo de intensidade sem precedente no Brasil.

Vote – não para eleger – para punir. Não por realizações estruturais de governo. Por forra instantânea. Um discurso construído sobre a projeção-promessa, para efeito em curtíssimo prazo, do castigo.

Do castigo – eis a bênção prometida – ao que representariam os adversários, atores num velho teatro entre farsantes.

Vote e puna. Vote para punir. Vote punindo. Eleja a punição.

Não há discurso – incluídos debates e entrevistas – em que Marçal não peça voto como instrumento para punir. Para humilhar. É o compromisso do candidato. Vote e, ao contabilizar da urna eletrônica, seja patrono do achincalhe geral. Danem-se os quatro anos contratados, se condenada a corriola já.

Ele veio para desmascarar o bando. O município, a qualidade de vida do cidadão, será detalhe. Marçal concorre em São Paulo por ser a cidade, entre as opções ora disponíveis, a maior superfície em que punir. Plano de governo a ser executado – liquidado – com a vitória.

Vote e sinta satisfação imediata: a derrota-esculhambação do sistema. É a proposta, cumprida – entregue – antes de iniciado o mandato. Dane-se o mandato.

Parcela considerável do eleitorado – descrente na mediação da elite política – não lhe cobra nem cobrará cardápio sobre o que fazer com a gestão municipal, se justiçado for o esquema Nunes-Boulos.

Muitos entre os que lhe votarão têm nada a perder, despedaçados pelo fim da classe média. Ressentidos de repente apaziguados sob a percepção de que a existência não ficará pior. Não pode piorar. E terão algum prazer.

Ele veio para penalizar. Imediatamente. Gozo rápido. Colaborativo. Veio para servir de agente – de corpo – à penalização do establishment. Quem pune é o eleitor. Um convite que oferta sentido e seduz.

Há pretensão divina nessa abordagem-sedução. Marçal tem uma missão e se sacrifica – abre mão de negócios e dinheiros – pela causa de penitenciar o vício da política partidária. É o que vende.

Lideranças de seu partido – investiga-se – têm parte com o PCC? Dane-se – puna-se – o partido. Despreza o partido. Despreza partido. Mera obrigação formal para concorrer. Desenvolvimento radical da pregação influente contra o estamento político-partidário que, não faz muito, baseou a ascensão de Jair Bolsonaro, hoje homem de Valdemar.

Desenvolvimento radical porque livre para ser sem-vergonha, Marçal não tendo a limitação do ex-presidente – sujeito que assentara frondosa empresa familiar nas banhas do estado – para se sustentar como desafiante marginal.

3 comentários:

  1. Por mais que você queira pintar um Marçal com um grande problema, uma ameaça , Ele é um empresário de sucesso , um homem de bem Pai de família , religioso praticante e sabe lidar com empreendedorismo e administração , diferente do candidato que você provavelmente tem simpatia, o Guilherme Boulos , candidato da extrema esquerda do PSOL , que passou toda sua vida pública Estimulando invasões de propriedades privadas , se aproveitando do lpovo mais pobre e desesperado
    Não tem nada a trazer de bom para São Paulo Uma cidade complexa Pujante e que tem uma população periférica pobre de quase 1/3 do total o PT e a esquerda mostrou em todos os lugares que administrou a sua incompetência e inaptidão para administrar o bem público

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  2. Evidente o caráter de quem acha Marçal "homem de bem". Gente que sonha em ser "homem de bens", não importa como - só falta colhão para empunhar uma arma e empreender num 157 (artigo do roubo).

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  3. Homem de bens é Jair Bolsonaro - dezenas de imóveis da família comprados com dinheiro vivo, joias públicas vendidas por seus assessores em dinheiro vivo...

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