O Estado de S. Paulo
Brasil: envolto em fumaça e andando em círculos na política externa, sem chegar a lugar nenhum
Ao vencer a eleição de 2022 e anunciar ao
mundo que “o Brasil voltou”, o presidente Lula trazia com ele alívio pelo fim
do governo Bolsonaro e expectativa do retorno de políticas públicas essenciais,
reinserção do País no mundo e recuperação da liderança na área ambiental. Em
resumo, Lula prometia repetir os acertos e deixar para trás os erros dos dois
mandatos anteriores. Tem sido assim?
“Pária internacional” com Bolsonaro, o Brasil colhe fracassos com Lula, como mediador nas guerras de Rússia e Ucrânia e de Israel e Palestina e a política externa anda em círculos, sem chegar a lugar nenhum, não por culpa do Itamaraty. Lula e o assessor Celso Amorim jogaram as expectativas lá em cima, mas o Brasil não teve fôlego para tanto.
Resultado: rompeu na prática com Israel,
afastou-se da Ucrânia, atraiu desconfianças no Ocidente e sinalizou uma aliança
tácita com Rússia e China, que transformam os Brics em bunker na disputa por
hegemonia com os EUA. Sem contar o nó que Nicolás Maduro deu no Brasil e no
amigão Lula, que lhe deu uma importância que ele jamais teve e recebe em troca
agressões, ironias e descaso.
Amorim foi à Rússia na semana passada, um dia
depois de Vladimir Putin apoiar Brasil, Índia e China como negociadores de um
cessar-fogo com a Ucrânia. Amorim diz que foi “uma coincidência” e a viagem era
para uma reunião dos Brics sobre segurança. Ele, porém, já tinha marcado
reunião paralela com seu correspondente chinês, claro, sobre a guerra. Até onde
isso pode ir?
Se não é potência política, econômica e
bélica, o Brasil tem inegável liderança ambiental, com a maior fonte de energia
renovável, uma legislação ambiental reconhecida mundo afora e a COP-30 em Belém
do Pará em 2025. Mas... Amazônia, Cerrado e Pantanal estão em chamas, metade da
Chapada dos Veadeiros e do Parque Nacional de Brasília foi dizimada e 60% do
território nacional está envolto em fumaça.
Ok. Há uma confluência perversa de seca,
calor, vento e ação criminosa, mas assusta o mundo e incendeia a oposição
interna. Mal comparando, Lula não tem culpa do assédio sexual do então ministro
dos Direitos Humanos contra a ministra da Igualdade Racial, mas o fato remete a
episódio semelhante na CEF na era Bolsonaro e deixa a sensação de que os erros
se repetem, por mais diferentes que os governos sejam – e são.
Sem recuperar o protagonismo nas questões internacionais e ambientais e insistindo em estatismo e aparelhamento na Petrobras, fundos de pensão, agências reguladoras, Lula faz o oposto do que pretendia: não repete os acertos nem deixa os erros no passado.
"O Brasil voltou" pra apoiar Maduro e a "democracia venezuelana", tão exaltada pelo diretório nacional do PT. Não dá pra ter saudades do "chanceler" Ernesto Araujo, mas a vergonha que passamos hoje é parecida com a vergonha que passamos nos 4 anos do DESgoverno Bolsonaro.
ResponderExcluirA colunista faz uma boa análise dos problemas do governo Lula, mas acho que omite acertos importantes que fazem com que o terceiro governo Lula seja bem melhor que o DESgoverno Bolsonaro.
ResponderExcluirOs dois governos são bem diferentes mesmo,pena que só boa vontade não apaga incêndio,existe,sempre,o imponderável.
ResponderExcluirO imponderável, e a gula petista por cargos e Poder!
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