Valor Econômico
Presidente da República bateu na falta de vigor, atualidade e relevância da ONU e suas instituições, mas nenhum dos chefes de Estado dos cinco países com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU estava presente
Em sua primeira aparição pública em Nova
York, na sede das Nações Unidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um
discurso em que bateu na falta de vigor, atualidade e relevância da ONU e suas
instituições.
O maior problema do discurso não foram as
palavras do brasileiro, coerentes com a visão que o governo tem levado às COPs e ao G20. O desastre estava na
falta de líderes dos países ricos na plateia. À exceção do premiê alemão Olaf Scholz, ninguém foi.
Nenhum dos chefes de Estado dos cinco países com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido) ouviu Lula dizer que “a legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”.
Joe Biden, Xi Jinping, Vladimir Putin,
Emmanuel Macron e Keir Starmer passaram a manhã de domingo (22) longe das filas
para entrar na sede da ONU.
Só o alemão, entre os líderes de países
ricos, ouviu o brasileiro dizer que o financiamento climático é insuficiente,
que naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas é vergonhoso e que não se pode
recuar na promoção de igualdade de gêneros, na luta contra o racismo e em
outras formas de discriminação. Ou voltar a viver ameaçados pelas armas
nucleares.
O evento foi convocado pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, para
estruturar o que seria o legado de sua gestão e a visão de futuro que o mundo
urgentemente precisa.
Guterres deve deixar o posto em dezembro de
2026. No ano que vem a ONU faz 80 anos.
O político português tem procurado dizer, a
cada discurso, que a crise do clima está levando o mundo para o abismo. Outro
dia, a jornalistas, reconheceu que as instituições da Casa que preside foram
desenhadas por nossos avôs e não têm a menor condição de solucionar os desafios
assustadores que estarão na vida dos nossos filhos e netos.
O secretário-geral, infelizmente, tem toda
razão. Scholz estava no evento porque Alemanha e Namíbia foram os países que
coordenaram o Pacto para o Futuro e não tinha outra saída.
O documento aprovado
hoje é vago, não tem força de lei e, mesmo assim, foi aceito com tensões.
O texto, que fala na crise do clima, na
necessidade de desarmamento, na urgência pela reforma da ONU – ao lado de
outros dois igualmente importantes, um deles focado na juventude e outro na
necessidade de se criar algum tipo de regulação do mundo digital – é o melhor
resultado possível quando se busca consenso entre quase 200 países.
Muito necessário, trata-se apenas uma
declaração de boas intenções – e nem tão boa assim porque a Rússia declarou não estar
feliz com o texto. O Pacto
para o Futuro tem promessas, verbos no futuro e não obriga
os países a nada.
O esvaziamento da plateia do Summit for the Future indica
o que já se sabe – a espinha vertebral do regime multilateral está quebrada. O
governo brasileiro (e muitos outros) defende o seu fortalecimento, atualidade,
transparência e efetiva inclusão. Até porque o mundo não tem nada, de base
democrática, para colocar no lugar.
Assim como os indivíduos, os países cada vez mais ocupados com seus próprios interesses.
ResponderExcluirAgora vou falar o que os jornalistas evitam comentar, o Lula teve o microfone desligado no discurso da ONU , quando terminou seu tempo e não sei se dando uma de bobo ou de gaga, continuou falando sem condições de tradução simultânea para plateia e ninguém ouvindo a voz do velho presidente Brasileiro , foi muito comedia e vergonhoso mas com o Lula a gente já está acostumado, se tiver bebido então o vexame é maior ainda
ResponderExcluir"O desastre estava na falta de líderes dos países ricos na plateia." Sim, é verdade. Mas o desastre também estava por todas as regiões brasileiras, onde os crimes ambientais não têm sido combatidos eficazmente, onde Lula se omite há meses e Marina tem pouca força política, além de ter enfrentado meses e meses de greve dos funcionários que comanda no MMA e que pouca fiscalização fizeram neste tempo todo.
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