Folha de S. Paulo
O
esperado embate entre Lula e Bolsonaro na eleição em São Paulo não aconteceu
Não
foi desta vez —talvez venha a ser no segundo turno— que a eleição em São Paulo foi
palco do embate preconizado por Luiz Inácio da Silva (PT) entre ele e Jair
Bolsonaro (PL). Tal qual aquela esperada na revolução de 1930
em Itararé (SP), a batalha não
aconteceu.
Gradativamente,
por razões diferentes e algumas não muito claras, presidente e antecessor foram
se afastando dos papéis de protagonista e antagonista diretos. A motivação mais
generosa para ambos poderia ser a decisão de se distanciar da cena tóxica.
A mais realista, porém, indica cálculos objetivos resumidos no seguinte: o cheiro de queimado. Numa disputa tão embolada quanto imprevisível é grande o risco de se virar sócio da derrota. Não valeria o desgaste. Na hipótese de vitória, um dos dois ganharia no máximo o título de tutor do prefeito da cidade mais importante do país.
Atributo
de utilidade efêmera dada a comprovada ausência de influência entre as eleições municipais
e as nacionais. O reflexo se dá na composição do Congresso. Ainda assim, de
maneira indireta, na dependência da situação do governo dois anos depois e das
alianças a serem firmadas na ocasião.
Há
o fator subversivo de regras, Pablo Marçal (PRTB).
Mas, independentemente dele, para Lula e
Bolsonaro a realidade se impôs. No caso de Guilherme
Boulos (PSOL),
candidato do presidente, o desempenho não foi o estouro esperado.
Nem
os presumidos ativos de Lula e Marta Suplicy (PT)
nesse estrato fizeram Boulos deslanchar entre os mais pobres. Sinal de amarelo
a cor de laranja foi o cancelamento à participação do presidente em atos
marcados para este sábado (28), a uma semana da eleição. Golpe sentido nas
internas, pois Lula só viajará ao México no domingo (29).
Já
na campanha de Ricardo Nunes (MDB)
o distanciamento de Bolsonaro se deu em reciprocidade. O ex-presidente aderiu
de má vontade, e do lado do prefeito o curso da disputa mostrou que o
afastamento seria o melhor remédio contra a rejeição do aludido padrinho. No
balanço de perdas e ganhos, ficou adiado o confronto para quando, e se, o peso
do custo for menor que o benefício.
A Marta nem apareceu.
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