Folha de S. Paulo
Levantamento do Datafolha revela que a
polarização passa longe dos prováveis eleitores
Virou lugar comum dizer que o Brasil está
imerso em polarização política. Dez em dez comentaristas a tomam como fato
consumado e a consideram um dos principais problemas a emperrar o bom
funcionamento da democracia no país. O termo foi ganhando importância à medida
que se tratou de entender a crise política da década passada. E entrou para
valer no vocabulário das classes conversadoras com a ascensão de Bolsonaro e a
entrada em cena de uma extrema-direita ativa e ruidosa.
A controvérsia sobre o assunto é maior entre
os acadêmicos e reproduz a animada discussão em curso nos departamentos de
ciência política de universidades norte-americanas. Lá, como cá, há quem
considere que se trata de um fenômeno restrito às elites políticas e à ínfima
parcela dos cidadãos que acompanham o dia a dia do jogo do poder.
No Brasil, alguns até argumentam que não seria adequado falar em polarização, pois o que se tem de fato é apenas um polo radical de ultradireita, sem equivalente na outra ponta do espectro, onde predomina uma centro-esquerda para lá de moderada.
Há ainda especialistas para os quais ela não
só existe como se calcifica em atitudes extremadas e irredutíveis, muito além
das meras simpatias políticas, a ponto de influir nas preferências por
interlocutores, tipo de vizinhança ou laços familiares.
Em sociedades com divisões políticas
calcificadas, as pessoas evitam ir a locais frequentados por partidários do
inimigo, torcem para não tê-los como colegas ou vizinhos, muito menos parceiros
das filhas.
No Brasil, ainda são poucos os estudos
empíricos que permitam desatar a controvérsia. Apenas algumas sondagens de
opinião trataram de enfrentar a questão.
Daí o interesse de recente pesquisa do Datafolha sobre
a segunda preferência dos paulistanos entre os candidatos a prefeito. O
levantamento, feito nos primeiros dias deste mês, revela que a polarização
passa longe dos prováveis eleitores.
Assim, Guilherme
Boulos (PSOL),
da coligação de esquerda, é a outra opção dos que se dizem decididos a votar
em Ricardo Nunes (PMDB),
que desfruta do firme apoio do governador Tarcísio de Freitas e, com menos
entusiasmo, da família Bolsonaro.
Da mesma forma, os que já estão fechados com
o candidato da coligação petista, tem Ricardo Nunes e Tábata Amaral empatados
como segunda escolha. Os que preferem Pablo Marçal (PRTB) são mais coerentes na
sua opção pela direita: na maioria apontam Ricardo Nunes como primeira
alternativa. Mesmo neste caso, um contingente menor se declara disposto a
apoiar Tabata Amaral ou
Guilherme Boulos, caso seu escolhido desista de concorrer.
Esses resultados seriam impensáveis se a
sociedade estivesse cindida de cima abaixo em torno de opções políticas
polares. Para um contingente numeroso dos paulistanos comuns, a distância entre
os candidatos da direita e o contendor de centro-esquerda não parece ser grande
– nem, em princípio, intransponível. Eles podem percorrê-la a depender da
oferta de candidatos.
Talvez o que vale para São Paulo valha
também para o país.
Ok
ResponderExcluirDizer que a candidatura do Guilherme os bolos do PSOL é de uma esquerda moderada é no mínimo duvidoso, na plataforma desse partido de extrema esquerda temos a ideologia de gênero , pro aborto , Localização das drogas e outras demandas Radicais de esquerda
ResponderExcluirO jornalismo oficial fecha o olho para esquerda nacional
E o Anônimo bolsonarista fecha os olhos e o nariz para o fedor dos Bolsonaro, golpistas safados apoiados por outros da mesma laia.
ResponderExcluirA maioria nem sabe que existe direita e esquerda.
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