Folha de S. Paulo
Agressivo, misógino, autocentrado... Não há
nada de inofensivo no que ele faz
Não me surpreenderia se os eleitores em São
Paulo começassem a partir para as vias de fato. É isso o que Pablo Marçal tem
oferecido a quem acompanha os debates: incentivo à violência. Apesar do
comportamento típico de adolescente com hormônios demais e cérebro de menos, o
candidato do PRTB proporciona mais do que um festival de machulência explícita,
é uma amostra do que é festejado em comunidades online que radicalizam homens
em tenra idade.
Marçal poderia ser lido só como um baderneiro, mas é o típico "Red Pill’, termo usado para descrever coaches e influenciadores do que há de mais vil na masculinidade. Agressivo, misógino e autocentrado, reforça em rede nacional o estereótipo do homem que ainda resiste à mudança dos tempos. Provoca brigas corporais com adversários, aposta no discurso do homem provedor, na mulher submissa e parideira.
Não há nada de inofensivo no que Marçal faz.
A inspiração para suas táticas bem-sucedidas, com conteúdo que ganha
notoriedade e engajamento no meio digital, não poderia ser pior: o ex-lutador
de kickboxing Andrew Tate, enrolado até o pescoço em denúncias de tráfico de
mulheres, estupro, formação de quadrilha.
Tate foi alvo de uma investigação que mostrou
como os algoritmos o tiraram da obscuridade e o transformaram numa celebridade,
com cortes de vídeos com discurso violento contra mulheres, tageados com seu
nome, e distribuídos nas redes. Exatamente o que Marçal faz agora na política.
Se é que podemos chamar isso de política.
Gostaria de poder simplificar o problema
desse tipo de gente, como fez a ativista ambiental Greta
Thunberg. Ao ser provocada por Tate, que pediu seu email para que
enviasse a relação de seus 33 carros e a emissão de poluentes, a adolescente
respondeu: energiadepintopequeno@tenhaumavida.com.
O problema é que essas machulências de
Marçal, menos graves do que estupro e tráfico, ganham relevância entre um
público com baixa autoestima, sentimento de fracasso social e de falta de
perspectiva profissional, alvos fáceis para comunidades com conteúdo violento
como o de Tate.
Exatamente!
ResponderExcluirSim, exatamente!!
ResponderExcluirPerfeito
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