O Globo
Vamos buscar incentivos para que os negócios
desses territórios ganhem voo próprio e ocupem o espaço de protagonismo
Recentemente, na sede da ApexBrasil, estive
com o CEO e criador da Favela Holding, a primeira do gênero, que reúne um
ecossistema de 27 empresas atuando e desenvolvendo inovação e impacto social e
econômico exclusivamente em favelas. A ApexBrasil é a agência responsável por
promover os negócios do Brasil no exterior e tem escritórios nos países com as
maiores economias do mundo. Como incentivadora de empreendimentos brasileiros,
agora volta seu olhar de maneira diferenciada para as favelas.
Numa conversa com o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, foram apresentadas iniciativas que já existem e estão em pleno funcionamento, movimentando a economia e demonstrando a capacidade de inovação das favelas e sua pujança. As favelas brasileiras, para além das notícias trágicas e diagnósticos negativos, produzem R$ 212 bilhões em poder de consumo. Isso reflete a capacidade de gerar riquezas, superando o PIB de alguns países.
Uma das premissas apresentadas na conversa
foi a necessidade de exercitar um olhar diferente para esses territórios. Outro
ponto fundamental é permitir que essas potências sejam vistas pela lente do
investimento, e não apenas do gasto. A favela não é apenas carência; é
potência.
São 20 milhões de pessoas vivendo nesses
territórios. Nossa luta é para que, no futuro, eles não existam mais. No
entanto, enquanto existirem, lutaremos incansavelmente para que seus moradores
tenham oportunidades e conquistem dignidade e direitos.
Hoje, do ponto de vista dos investimentos
públicos, os negócios das favelas enfrentam barreiras burocráticas que
dificultam seu funcionamento, empurrando-os para a informalidade e para a
própria sorte. Quando recebem apoio, muitas vezes é tímido, impossibilitando
sua expansão.
Nossa aposta na parceria com a ApexBrasil é
apresentar ao Brasil e ao mundo o que um povo que luta, batalha e produz
riqueza está criando: soluções de toda ordem para seus desafios, aquecendo o
motor do desenvolvimento, muitas vezes sem usufruir parte dos seus bônus.
Numa ampliação internacional de grande
escala, a Favela Holding se expande para 41 países, conectada à parceria social
da Central Única das Favelas.
Nosso objetivo — ao apresentar esse novo
repertório a uma agência que estimula o soft power brasileiro — é
revelar quanto essas pessoas, invisibilizadas pelas desigualdades e pela
ausência do poder público, dão vida e sentido a um Brasil que será líder no
futuro a partir de iniciativas desenvolvidas hoje.
Nossa ideia, além das ações que já
desenvolvemos, é fomentar e promover uma zona franca das favelas por meio da
parceria com a ApexBrasil. Buscaremos incentivos para que os negócios desses
territórios ganhem voo próprio e ocupem o espaço de protagonismo econômico, já
que produzem tantas oportunidades e riquezas. Chegou a hora de compartilhá-las
e mostrar ao mundo que as soluções para muitos problemas vêm de quem vive e
sobrevive num cenário desfavorável, com uma agenda prática de inovações.
Muito bom!
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