O Globo
Ex-presidente não conseguiu unir a direita em
São Paulo, vê seu candidato levar uma surra no Rio e não tem chance em sua
cruzada contra o Judiciário
Jair Bolsonaro convocou mais um ato de 7 de
Setembro na expectativa de reforçar sua liderança política e de novo confrontar
o Supremo Tribunal Federal (STF), mas chega à data com o palanque cindido em
São Paulo, com seu principal candidato, Alexandre Ramagem, levando uma surra no
Rio de Janeiro e com a possibilidade de reverter sua situação de
inelegibilidade bastante reduzida no próprio STF e também no Congresso.
Dificilmente o ex-presidente conseguirá repetir na Avenida Paulista o quórum de outros feriados. Mesmo a decisão do ministro Alexandre de Moraes de proibir o X no Brasil, usada para reunir a tropa, tem alcance limitado às franjas mais sectárias de uma base que parece já olhar para o lado e enxergar outras lideranças para o lugar do capitão. E, pior para ele, essas caras não são necessariamente aquelas que o ex-Mito decidiu ungir.
A indecisão de Bolsonaro e família no
palanque da sucessão paulistana é sintomática da consciência da dificuldade que
existe de um cacique manter a tropa unida quando perde a possibilidade de estar
com o nome na urna.
Ricardo Nunes nunca foi o nome dos sonhos do
clã, justamente porque, detentor de uma coalizão heterogênea, mais com cara de
Centrão que de extrema direita, não queria comprar o pacote completo imposto
pelo ex-presidente, com direito a xingar ministros do STF. Com a entrada de
Pablo Marçal na briga pela liderança, a coisa ficou
ainda mais bagunçada, e foi Nunes quem passou a cobrar a presença
mais decidida da família em sua campanha.
Até que Tarcísio de Freitas tomou a frente da
reação, se desgarrando do conselho do próprio padrinho e capitaneando a
estratégia do voto útil, sob a justificativa de que Nunes é o melhor nome para
derrotar Guilherme Boulos no segundo turno. A última rodada do Datafolha
confirmou a análise, e Tarcísio parece ter convencido Bolsonaro a entrar mais
firme na campanha do emedebista, invertendo, portanto, o protagonismo na
definição do rumo a seguir.
Por tudo isso, é um personagem bem mais
acanhado que subirá ao caminhão de som amanhã. E como é multi-investigado em
inquéritos que estão próximos de um desfecho que pode complicar bastante sua
situação jurídica, terá de fazer um discurso bem mais light que em dias da
Independência de anos recentes, como quando sequestrou o feriado nacional para
fazer pregação golpista explícita em plena campanha eleitoral de 2022.
Um dos indicados de Bolsonaro no Supremo,
Kassio Nunes Marques, é outro que encarna a perda de massa muscular do
ex-presidente junto ao seu séquito. Sua decisão de chamar para o plenário duas
novas ações sobre a suspensão do X cumpre aquela tabela de dar uma satisfação
aos bolsonaristas, mas ministros da Corte não esperam que nem ele nem André
Mendonça finquem pé numa defesa ferrenha do conceito bolsonarista de liberdade
de expressão, se opondo frontalmente a Moraes quando ele conta com aval total
do restante do colegiado.
Por fim, toda a gritaria no Senado não deverá
resultar em mais chances de que a agenda pelo impeachment de ministros do STF
ou de anistia para os golpistas do 8 de Janeiro avance na Casa. Rodrigo Pacheco
já matou esses assuntos no peito em momentos mais delicados e não seria na sua
saideira do posto que colocaria a mão nesse vespeiro. Seu provável sucessor,
Davi Alcolumbre, pode até acenar com isso para ter o voto da bancada
bolsonarista, mas todo mundo sabe que sua preocupação atual é ficar bem com o governo,
restabelecer o fluxo das emendas que garante sua liderança na Casa e, se der,
arrancar de Lula o avanço das pesquisas para explorar petróleo na Margem
Equatorial. Léguas de distância dos interesses do capitão, portanto.
Com a influência nas urnas bem menor que o
alardeado e o rol de aliados em Brasília minguando junto, Bolsonaro pode até
levar bastante gente de verde e amarelo à Paulista, mas será um repeteco menos
impactante do que já promoveu no passado.
Agora como sempre, o 7 de setembro do Lula será esvaziado e os poucos que irão, irão pagos e com promessa de lanche de pão com mortadela, servido pelos nossos soldados do glorioso exército Brasileiro
ResponderExcluirEsse ano vamos ver o quão melancólico vai ser o desfile em Brasília
O povo não mais frequenta o sete setembro oficial em repúdio ao sistema ditatorial que está sendo implantado no Brasil
Esse ano quase que o exército bate continência para o MST , por pouco iriam passar por mais este constrangimento merecido , mas protestaram e o Lula recuou
Pois é.
ResponderExcluirA colunista acertou em cheio! O GENOCIDA chegou esvaziado na manifestação de hoje, e a Paulista estava também esvaziada, com apenas 45 mil pessoas no auge do ato, 4 vezes MENOR que a outra feita pelo bolsonarismo no início deste ano. O GENOCIDA choramingou novamente suas velhas lamúrias e mágoas, e ainda impediu o criminoso Marçal de subir no palanque e discursar, mas o insistente candidato do PCC fez questão de se mostrar como bolsonarista de carteirinha.
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