O Globo
Profecia de "terceiro turno" em 2024 não se confirmou; Centrão deve ter mais vitórias nas capitais
No fim do ano passado, Lula arriscou uma
profecia para 2024: “Eu sinceramente acho que vai acontecer um fenômeno: vai
ser outra vez Lula e Bolsonaro disputando essas eleições no município”.
A julgar pelas últimas pesquisas, a previsão
não deve se confirmar. A disputa pelas prefeituras envolveu temas nacionais,
mas passou longe de se reduzir a um terceiro turno da última corrida
presidencial.
O próprio Lula preferiu manter distância dos
palanques. Em todo o país, candidatos do PT tiveram que se contentar com vídeos
gravados em Brasília. O presidente só apareceu ao lado de Guilherme Boulos, que
concorre pelo PSOL em São Paulo.
Na reta final do primeiro turno, ele emendou viagens internacionais para Estados Unidos e México. Um bom pretexto para não dar as caras em cidades onde seus aliados vão mal nas pesquisas.
Bolsonaro percorreu o país, mas deve sofrer
derrotas amargas. No Rio, seu berço político, Alexandre Ramagem ensaia um
desempenho pífio. O último Datafolha, divulgado ontem, projetou vitória de
Eduardo Paes no primeiro turno.
A disputa carioca mostra como as eleições
municipais desviaram da polarização nacional. O prefeito teve apoio de Lula,
mas não exibiu sua imagem na propaganda. Com isso, escapou da polarização
ideológica e amarrou a campanha aos temas da cidade. “Uns me acusam de ser de
direita, outros de esquerda. Eu sou Rio de Janeiro”, recitou, no debate da TV
Globo.
Outros candidatos à reeleição adotaram a
mesma estratégia. Em Salvador, o carlista Bruno Reis se coligou ao PL, mas
tentou evitar a associação com Bolsonaro. “Minha aliança é com o povo”,
desconversou o prefeito, que também é favorito para vencer neste domingo.
Na capital paulista, a eleição esquentou com
uma disputa fratricida na direita. O prefeito Ricardo Nunes e o coach Pablo
Marçal chegam às urnas em empate técnico nas pesquisas. Brigam pelo eleitorado
antipetista, que votou em Bolsonaro nas últimas corridas presidenciais.
Com medo do carimbo de derrotado, o
ex-presidente manteve um pé em cada canoa. Indicou o vice de Nunes, mas
declarou que ele não era seu “candidato dos sonhos”. Presenteou Marçal com a
medalha de “imbrochável”, mas passou a criticá-lo quando farejou o risco de ser
ofuscado em seu próprio campo.
Oportunista, Bolsonaro parece esperar os
resultados para dizer a quem apoiou. No entanto, quem for ao segundo turno não
terá dívidas com ele. Se Nunes se mantiver na disputa, o mérito será do
governador Tarcísio de Freitas. Se Marçal chegar lá, só terá que agradecer a si
mesmo.
A última fornada de pesquisas sugere que os
grandes vitoriosos deste domingo devem ser mesmo os partidos do Centrão. Siglas
como União Brasil, MDB e PSD tendem a encabeçar os rankings de prefeitos
eleitos nas capitais. Essa turma não costuma se guiar por veleidades
ideológicas e não tem dificuldades para mudar de time no plano nacional. Entre
Lula e Bolsonaro, sempre escolherá o lado de quem venceu.
Bolsonaro fez campanha pro Nunes,agourando ele,de olho no vice,contando ninguém acredita,rs.
ResponderExcluirO "candidato do Lula" fez 5% dos votos em Florianópolis... Chegou em quinto lugar...
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