Folha de S. Paulo
Contestação interna força ex-presidente a
rever cálculos sobre a própria sucessão
O desejo de liberar Jair
Bolsonaro para disputar a eleição de
2026 começou a ser soprado por aliados assim que o TSE
condenou o ex-presidente. O assunto aparecia como uma questão de fé.
O objetivo era evitar que sua influência despencasse e permitir que ele
mantivesse o controle da própria sucessão.
Os choques internos na direita durante as eleições municipais deste ano fizeram com que a campanha ganhasse ares de ação orquestrada. Com a contestação à liderança do ex-presidente em seu campo político, a defesa da reversão da inelegibilidade passou a ser encarada como uma questão de sobrevivência.
A sensação de ameaça levou Flávio Bolsonaro a
queimar a largada. Num balanço do primeiro turno, o senador escreveu que o resultado representava o endosso
a um projeto conservador "liderado por Bolsonaro". Afirmou ainda que
o "sistema político" deveria permitir que seu pai fosse testado nas
urnas, "conforme o desejo da maioria do povo".
Há muita propaganda, um pouco de torcida e
quase nada de verdade nestas palavras. Se as disputas municipais contam uma
história sobre a direita, elas dizem que vários eleitores não veem
Bolsonaro como líder único e indispensável nesse campo. A onda de Pablo Marçal e
a disposição de Ronaldo
Caiado e Ratinho Júnior para enfrentar candidatos bolsonaristas
em seus estados ofereceram sinais nessa direção.
O cálculo de Bolsonaro mudou. O ex-presidente
acreditava que, mesmo fora do jogo, seria capaz de determinar candidatos,
alianças e compromissos da direita. Agora, ele parece considerar que só terá
todos esses poderes caso consiga incluir seu nome na urna.
Na semana passada, Valdemar Costa Neto fez
uma correção de rota nesse sentido. Dias depois de citar possíveis sucessores
na direita, o presidente do PL afirmou que
Bolsonaro era o único nome para 2026. O ex-presidente disse o mesmo
nesta terça (22).
Boa parte do raciocínio tem relação com o
futuro de Bolsonaro nos tribunais. Seus desafiantes, incluindo Marçal, já
mostraram alguma resistência a um enfrentamento radical com o STF. O
ex-presidente seria o único interessado em manter esse ponto no centro da
agenda da direita.
Cortou as asinhas até da micheque. Bateu o desespero, pois sabe que sem a onda de fanáticos ao seu lado o seu poder é firme como leite condensado.
ResponderExcluirEle mesmo disse que o Lula não tem substituto,no caso dele apareceu um monte.
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