O Estado de S. Paulo
Lula passou 580 dias preso e não fugiu; em breve o STF vai dizer qual será o destino de outro ex-presidente
Era 1792. A Convenção examinava se Luís XVI
devia ser julgado, quando Maximilien Robespierre disse: “Os povos não julgam
como as cortes judiciais; não proferem sentenças, eles lançam o raio; não
condenam os reis, eles os mergulham de volta no nada.” O jacobino defendia a
execução do rei sem julgamento, pois um tribunal poderia condená-lo ou
absolvê-lo e, se Luís fosse absolvido, a revolução estaria condenada. A morte
era uma questão de segurança pública. A assembleia rejeitou os apelos, e Luís
XVI acabou na guilhotina.
Passado o segundo turno das eleições, o STF estará diante do desafio de mostrar ao País que uma eventual condenação de Jair Bolsonaro não se fará por uma medida de segurança, sob o argumento de que se pretende defender a democracia.
O Supremo não esqueceu o que houve em 8 de
janeiro de 2023. A turba emporcalhou a mesa de Alexandre de Moraes. Queria
fechar o Supremo e impor sua vontade ao País, até que seu líder – que a
insuflou durante anos contra a ordem, a legalidade e os demais Poderes
constituídos – voltasse de Miami. E não se diga que era um crime impossível,
pois o que vale aqui é o dolo de quem tenta e não a habilidade para executar o
delito.
O caminho para a condenação de Bolsonaro está
traçado. O leitor atento do Blog do Fausto Macedo já deve tê-lo adivinhado. Em
27 de setembro, Moraes deu 60 dias para a PF concluir o inquérito sobre o
golpe, que investiga Bolsonaro e seus ministros, o que deve ocorrer em
novembro.
A decisão aconteceu no mesmo dia em que o
ministro Nunes
Marques interrompeu com um pedido de vista o
julgamento do habeas corpus que deve reinstituir o foro privilegiado para
ex-presidentes, ex-ministros e ex-parlamentares. Já há maioria entre os
ministros para a volta do foro: seis a favor e dois contrários – Fachin e
Mendonça. Faltam votar, além de Marques, Fux e Cármen Lúcia.
E assim a polêmica sobre quem deve julgar os
casos de Bolsonaro – joias, vacinas, golpe – deve acabar. Eles ficarão no STF.
Agora, a 1.ª Turma do STF indeferiu o pedido da defesa do ex-presidente para a
devolução de seu passaporte. Alegou-se o risco de fuga. Para quem sugere se
tratar de perseguição, é preciso lembrar: Lula ficou 580 dias preso e não
fugiu. Bolsonaro foi dormir na embaixada da Hungria ao se sentir ameaçado.
Está a se abrir o caminho às denúncias de
Gonet, quando se tomará conhecimento das provas existentes ou não contra o
ex-presidente. Chegará, então, o momento decisivo, aquele em que o País deve
afirmar que precisa da Justiça das Cortes e não a dos jacobinos – como não quis
a dos golpistas. É preciso que Bolsonaro seja julgado por uma sentença e não
por um raio.
Excelente! "Bolsonaro foi dormir na embaixada da Hungria ao se sentir ameaçado." E foi morar na Flórida enquanto seus cúmplices tentavam o golpe no começo do atual mandato de Lula! O julgamento do GENOCIDA está demorando a acontecer, mas ele determinará o novo local da cama do miliciano: nem na Flórida, nem na embaixada da Hungria, mas numa penitenciária federal de segurança máxima! Lugar de BANDIDO é na cadeia!
ResponderExcluirConcordo
ExcluirSe puder ter alguma tortura diária, seria interessante, até pra atender as mórbidas preferências do criminoso citado.
ResponderExcluirHmmm...
ResponderExcluirA conferir.
😏😏😏