Folha de S. Paulo
Pesquisa
do Datafolha na reta final dá a dimensão do abismo entre os dois campos
Na
véspera do primeiro turno, Guilherme
Boulos pediu a prisão de Pablo Marçal.
O influenciador havia sido o responsável por uma baixaria histórica ao divulgar um
laudo falso de internação do rival. O episódio cavou os últimos
metros do abismo entre os eleitores dos dois candidatos.
Só um projeto de engenharia com uma boa dose de imprudência poderia erguer uma ponte entre os dois campos. Boulos fez uma aposta nessa obra. Ajustou propostas para ecoar apelos de Marçal à periferia e gravou um vídeo em que eleitores vestiam um boné com a letra B. Como risco final, topou ser sabatinado pelo ex-coach nas redes sociais.
Se
o movimento parece desesperado, a pesquisa do
Datafolha da semana final de campanha explica o motivo.
Apoiadores de Marçal podem até torcer o nariz para Ricardo Nunes,
mas a maioria continua com o prefeito. Os números indicam que o eleitor do
ex-coach não considera Nunes um candidato ideal, mas fica com ele para derrotar
Boulos.
Dois
dados sugerem que, mesmo partindo para o tudo ou nada com os eleitores de
Marçal, o candidato do PSOL ainda
está mais perto do nada. O primeiro número é a quantidade de eleitores de
Marçal que topam votar em Boulos. Essa proporção passou de 1 em 20 há duas
semanas para 1 em 10 no novo levantamento. É um avanço apenas insignificante.
As
razões para isso estão no segundo número: seu índice de rejeição, de 55%. Entre
eleitores de Marçal, 83% dizem que não votam em Boulos de jeito nenhum. Mesmo
que muitos desistam de votar no prefeito, eles estão muito distantes de uma
adesão em massa ao candidato da esquerda.
Os
eleitores de Boulos provavelmente gostariam de ganhar o segundo turno só
com os votos de
Tabata Amaral. A matemática, no entanto, é cruel. O candidato do
PSOL precisa falar com os eleitores de Marçal e, para isso, aceitou
participar da tal sabatina.
A
não ser que o influenciador apronte mais uma surpresa e produza uma estripulia
qualquer a favor de Boulos, o máximo que o deputado pode conseguir é um
resultado um pouco melhor nas urnas. Se tiver que pagar um pedágio a Marçal
pelo palco, como aceitar um pedido de desculpas do ex-coach, terá valido a
pena?
Resposta: talvez, mas ao menos ele está esperneando.
ResponderExcluirEu sempre escrevi que o Nunes levaria esta,infelizmente.
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