Valor Econômico
Quatro partidos despontam como predominantes no cenário nacional - União, PSD, PP e MDB
A eleição municipal deste ano, a se
confirmarem os resultados das pesquisas, tende a ter três eixos: o avanço
eleitoral da direita, a tendência forte à reeleição e o predomínio de quatro
partidos no balanço partidário: União Brasil, PSD, PP e MDB. A força da direita
se mede nas capitais e em grandes cidades, em especial naquelas em que o atual
prefeito é politicamente frágil e com baixa avaliação de gestão no período da
pré-campanha.
O avanço de candidatos mais à direita fica
claro em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza. As duas primeiras
são governadas por vices que assumiram ou por morte do titular ou por renúncia.
Nem Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, e nem Fuad Noman (PSD), na capital
mineira, tinham experiência prévia em disputas majoritárias ou expressão
política. No caso de José Sarto (PDT), em Fortaleza, o problema, além da gestão
mal avaliada, foi o enfraquecimento de seu partido, com a ruptura dentro do grupo
que era liderado pelo ex-governador Ciro Gomes.
Isso catapultou para os primeiros lugares Bruno Engler (PL) na capital mineira e André Fernandes na cearense e abriu espaço para Pablo Marçal (PRTB) ser tão bem-sucedido em São Paulo. Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, Nunes e Marçal aparecem com 24%, empatados tecnicamente com Guilherme Boulos (Psol), que tem 26%. Em Belo Horizonte, a liderança de Engler é compartilhada com Mauro Tramonte (Republicanos) e Noman em um inédito empate triplo, com 21%.
Nas capitais em que o prefeito é bem avaliado
e tem sólidos apoios políticos a tendência à reeleição se impõe. Eduardo Paes
(PSD) no Rio tem chances de vencer no primeiro turno por estreita margem. João
Campos (PSB) no Recife, Bruno Reis (União Brasil) em Salvador tendem a se
reeleger com facilidade. Dos 21 prefeitos de capitais que se apresentaram para
disputar um novo mandato, 10 são favoritos para vencer já neste domingo. Seis
estão competitivos para entrar no segundo turno e somente cinco tendem a ficar
fora da rodada final.
Segundo o pesquisador Antonio Lavareda, do
Ipespe, a tônica da eleição é a normalidade, em que pese o caráter
potencialmente disruptivo em São Paulo, única disputa que influi na eleição
presidencial em 2026. No conjunto das capitais, confirma-se a tendência
pró-reeleição que já se desenhou em 2020, quando, dos 13 prefeitos que podiam
se reeleger, apenas um - Marchezan Júnior em Porto Alegre - ficou de fora do
segundo turno.
A tendência do eleitorado brasileiro à
direita é crescente desde 2016 e se consolidou esse ano, não apenas em razão
das capitais citadas. São considerados candidatos de direita os que concorrem
pelo PL, PRTB, União Brasil, PSD, PP, Avante e Republicanos, sem alianças com
as siglas de esquerda ou do centro. Essa tendência se ampliou agora e até o
momento em que essa coluna era publicada a direita liderava em 16 capitais e
podia ganhar em até 23 delas.
Esse predomínio da direita se replica nos
demais municípios e, aliado ao pendor pela reeleição, fortalece os partidos que
já contam atualmente com mais prefeituras: PSD, União Brasil, PP e MDB. O
domínio dessa quadra sugere que esses partidos devem eleger mais deputados
federais em 2026, bloco ao qual pode se somar o Republicanos. São os partidos
que controlam as mesas diretoras do Senado e da Câmara normalmente chamados de
Centrão, rótulo que detestam.
O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro também
deve estar entre os grandes vencedores da eleição, mas não compõe o Centrão.
Dificilmente a sigla chegará à meta de 1 mil prefeitos estabelecida pela
direção do partido dono da maior fatia do fundo eleitoral, mas ainda assim a
sigla tende a ter o cacife reforçado para barganhar seu apoio na sucessão das
mesas diretoras.
Pablo Marçal não esconde seus projetos
presidenciais e mencionou em algumas ocasiões sua disposição de fundar um novo
partido. Mesmo que não seja eleito em São Paulo seus adversários na eleição
local não duvidam que ele terá capital político para levar o projeto adiante.
Os eleitores do ex-presidente contrariavam sua indicação de apoio em oito
capitais, inclusive no caso paulistano. Bolsonaro não é mais o líder inconteste
da direita e perdeu o mando sobre esse campo caso continue inelegível em 2026.
E quanto à esquerda? O panorama é pouco
promissor, mas não se esperava tanto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva só
participou de forma ativa na campanha de São Paulo. O PT abriu mão de lançar
candidatos em diversas capitais e o eleitor lulista se dispersou, seguindo a
orientação do partido na minoria dos casos. A aliança governista optou por não
afrontar a lógica local. Os petistas estão otimistas em Fortaleza e Teresina,
em que há chances de Evandro Leitão e Fábio Novo terminarem em primeiro no primeiro
turno.
Há dúvidas sobre a perspectiva de se chegar
ao segundo turno em Porto Alegre, onde a posição de Maria do Rosário (PT)
começa a ser ameaçada por Juliana Brizola (PDT). Mesmo se a petista prevalecer,
não se acredita na possibilidade de que ela impeça a reeleição de Sebastião
Melo (MDB), que conseguiu se recuperar nas pesquisas depois do baque das
enchentes de maio em Porto Alegre. Petistas ainda podem chegar ao segundo turno
em Goiânia e Natal, mas com prognóstico ruim para a rodada decisiva.
A força dos governadores está bloqueando a
polarização nacional em alguns centros. O exemplo mais claro está em Belém. O
prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) faz uma gestão extremamente mal avaliada e
tinha aberto o caminho para uma vitória de Éder Mauro (PL). Mas Belém receberá
a COP 30 em 2025, para a qual cidade tem grandes expectativas de retorno
econômico e o candidato do governador Helder Barbalho (MDB), Igor Normando,
começou a subir nas pesquisas.
Em Goiânia o governador Ronaldo Caiado (União
Brasil), que tenta se viabilizar como presidenciável, resgatou da aposentadoria
o ex-deputado e empresário Sandro Mabel para tentar bloquear a ascensão do PL.
O pano de fundo é o controle da disputa pela sucessão ao governo de Goiás.
Mabel está na liderança, mas o candidato Fred Rodrigues, do PL, começa a ganhar
pontos nas pesquisas.
O caso de São Paulo é mais complexo. O
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se jogou na eleição da capital a
favor da reeleição de Ricardo Nunes assim que percebeu a força de Pablo Marçal.
O pano de fundo, nunca admitido pelo governador, é a disputa pela condução da
direita. A entrada em cena de Tarcísio se deu de modo simultâneo ao
desengajamento de Bolsonaro da campanha paulistana. É um jogo arriscado. Se
Nunes passar para o segundo turno, será uma vitória de Tarcísio, não de
Bolsonaro. Se o prefeito ficar de fora, ele estará em uma situação difícil.
Terá que apoiar Marçal contra Boulos, sob
pena de perder a credencial de expoente da direita. Mas em caso de vitória do
candidato do PRTB, Tarcísio não será protagonista.
No interior do Estado, o duelo entre o grupo
do secretário Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, o Republicanos e o
PL do ex-deputado Valdemar Costa Neto pende para o primeiro em duas cidades
cruciais: São José dos Campos e Ribeirão Preto. No caso de Guarulhos a
indefinição persiste. Essa disputa local é uma das motivações para a ofensiva
nacional que os bolsonaristas fazem contra o PSD, concatenada nas redes
sociais.
Muito bom!
ResponderExcluirO candidato da extrema esquerda Guilherme bolos é muito ruim é um baderneiro radical que fez carreira política invadindo propriedades privadas e imóveis públicos depredando e até incendiando foi preso três vezes Por esses crimes Povo paulista saberá dizer não pra esse bandido lobo se disfarçando em pele de cordeiro
ResponderExcluir