Valor Econômico
São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, onde MDB e PSD derrotaram o PT e o PL, resumem o principal recado das urnas nas eleições deste ano
As ausências do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos palanques das principais vitórias do segundo turno, como São Paulo e Belo Horizonte, revelam que a sucessão presidencial está em aberto, e passará, obrigatoriamente, por PSD e MDB. Com a frase “o seu sobrenome é futuro”, o prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), lançou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como candidato à Presidência da República em 2026.
Uma das marcas da campanha de Nunes foi a
ausência de Bolsonaro, embora ele tenha indicado o vice na chapa, o coronel
Mello Araújo (PL), e não foi diferente no capítulo final. Quem aparece na foto
da vitória ao lado de Nunes são Tarcísio, o presidente do PSD e secretário de
Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, e o presidente do MDB, deputado Baleia
Rossi (SP).
PSD e MDB já haviam despontado como os
grandes vencedores do primeiro turno, e reafirmaram essa condição nessa segunda
etapa. Com o resultado desse domingo (27), o PSD reafirma-se como o maior
vitorioso, com 887 prefeituras, seguido do MDB, com 856. Em terceiro lugar vêm
PP, com 747 prefeitos eleitos, e em quarto, o União Brasil, com 584. O PL de
Bolsonaro ficou em quinto lugar, com 516 municípios, e o PT de Lula, em nono,
com 252.
A principal vitória do MDB foi em São Paulo,
com a derrota expressiva imposta a Guilherme Boulos, do Psol: vantagem de 18,7
pontos percentuais sobre o representante da esquerda. Foi, simultaneamente, uma
derrota de Lula, já que a eleição na capital foi a campanha da qual ele mais
participou, com presença na propaganda eleitoral, em caminhadas e comícios.
Foi igualmente importante o resultado do MDB
em Porto Alegre (RS), com a reeleição do prefeito Sebastião Melo. O emedebista
não ficou marcado pelas fortes imagens das residências submersas pela enchente
do Guaíba, ou pelos moradores aguardando socorro nos telhados das casas, e
chegou na frente com uma ampla margem de 23 pontos percentuais sobre a deputada
Maria do Rosário, do PT.
Em paralelo, o PSD do secretário de Governo
de São Paulo, Gilberto Kassab, protagonizou uma virada relevante em Belo
Horizonte, e conseguiu reeleger o prefeito Fuad Noman, que havia começado a
disputa em terceiro lugar nas pesquisas. Por pouco, uma diferença de 7,45
pontos percentuais, o deputado estadual Bruno Engler (PL), representante do
bolsonarismo, não venceu na capital mineira.
São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre,
onde MDB e PSD derrotaram o PT e o PL, resumem o principal recado das urnas nas
eleições deste ano: quando confrontado ante a esquerda ou a direita, o eleitor
escolheu o caminho do meio.
A eventual candidatura presidencial de
Tarcísio, lançada por Nunes, todavia, envolve muito entusiasmo, mas,
igualmente, muito pragmatismo. Outra ala do MDB vencedora neste pleito,
encabeçada pelo governador do Pará, Helder Barbalho, e pelo ministro dos Transportes,
Renan Filho, está mais inclinada a seguir com Lula. Além disso, nem MDB nem PSD
acompanharão Tarcísio se a economia reagir e Lula chegar competitivo em 2026.
Nesse cenário, Tarcísio adiará o sonho presidencial, e buscará novo mandato nos
Bandeirantes.
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