segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Sucessão presidencial passa por PSD e MDB - Andrea Jubé

Valor Econômico

São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, onde MDB e PSD derrotaram o PT e o PL, resumem o principal recado das urnas nas eleições deste ano

As ausências do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos palanques das principais vitórias do segundo turno, como São Paulo e Belo Horizonte, revelam que a sucessão presidencial está em aberto, e passará, obrigatoriamente, por PSD e MDB. Com a frase “o seu sobrenome é futuro”, o prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), lançou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como candidato à Presidência da República em 2026.

Uma das marcas da campanha de Nunes foi a ausência de Bolsonaro, embora ele tenha indicado o vice na chapa, o coronel Mello Araújo (PL), e não foi diferente no capítulo final. Quem aparece na foto da vitória ao lado de Nunes são Tarcísio, o presidente do PSD e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, e o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).

PSD e MDB já haviam despontado como os grandes vencedores do primeiro turno, e reafirmaram essa condição nessa segunda etapa. Com o resultado desse domingo (27), o PSD reafirma-se como o maior vitorioso, com 887 prefeituras, seguido do MDB, com 856. Em terceiro lugar vêm PP, com 747 prefeitos eleitos, e em quarto, o União Brasil, com 584. O PL de Bolsonaro ficou em quinto lugar, com 516 municípios, e o PT de Lula, em nono, com 252.

A principal vitória do MDB foi em São Paulo, com a derrota expressiva imposta a Guilherme Boulos, do Psol: vantagem de 18,7 pontos percentuais sobre o representante da esquerda. Foi, simultaneamente, uma derrota de Lula, já que a eleição na capital foi a campanha da qual ele mais participou, com presença na propaganda eleitoral, em caminhadas e comícios.

Foi igualmente importante o resultado do MDB em Porto Alegre (RS), com a reeleição do prefeito Sebastião Melo. O emedebista não ficou marcado pelas fortes imagens das residências submersas pela enchente do Guaíba, ou pelos moradores aguardando socorro nos telhados das casas, e chegou na frente com uma ampla margem de 23 pontos percentuais sobre a deputada Maria do Rosário, do PT.

Em paralelo, o PSD do secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, protagonizou uma virada relevante em Belo Horizonte, e conseguiu reeleger o prefeito Fuad Noman, que havia começado a disputa em terceiro lugar nas pesquisas. Por pouco, uma diferença de 7,45 pontos percentuais, o deputado estadual Bruno Engler (PL), representante do bolsonarismo, não venceu na capital mineira.

São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, onde MDB e PSD derrotaram o PT e o PL, resumem o principal recado das urnas nas eleições deste ano: quando confrontado ante a esquerda ou a direita, o eleitor escolheu o caminho do meio.

A eventual candidatura presidencial de Tarcísio, lançada por Nunes, todavia, envolve muito entusiasmo, mas, igualmente, muito pragmatismo. Outra ala do MDB vencedora neste pleito, encabeçada pelo governador do Pará, Helder Barbalho, e pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, está mais inclinada a seguir com Lula. Além disso, nem MDB nem PSD acompanharão Tarcísio se a economia reagir e Lula chegar competitivo em 2026. Nesse cenário, Tarcísio adiará o sonho presidencial, e buscará novo mandato nos Bandeirantes.

 

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