O Globo
O que mais explica a dificuldade de Lula transferir votos é fato de a direita brasileira, que praticamente não existia, ter saído do armário
Doze anos separam a atual eleição municipal
daquela de 2012, quando, dois anos depois de eleger Dilma Rousseff para lhe
suceder na Presidência, Lula conseguiu repetir o feito com Fernando Haddad.
Ambos eram estreantes em eleições e tinham perfil “técnico”, ocupando pastas
centrais em seu governo.
— Quando lancei a Dilma, disseram que estava
lançando um poste. Eu digo que, de poste em poste, vamos iluminar o Brasil
inteiro — jactou-se o então ex-presidente em comício do candidato petista à
Prefeitura de Fortaleza, Elmano de Freitas, que acabou derrotado.
A política brasileira passou por muitas e rápidas transformações de uma década a outra. A que mais explica a dificuldade de Lula, de volta à Presidência, de repetir o programa luz para todos eleitoral é o fato de a direita brasileira, que praticamente não existia, ter saído do armário e não ter voltado para ele nem depois do 8 de Janeiro. Diante dessa realidade, parece ter faltado a Lula e aos estrategistas das campanhas dos candidatos apoiados por ele um mergulho mais profundo na cabeça desse eleitor.
No primeiro turno, a campanha de Guilherme
Boulos apostou na suavização de sua imagem e de seu discurso para combater uma
rejeição que já aparecia nas pesquisas internas. No horário eleitoral, em
debates e sabatinas, o candidato do PSOL estava sempre de camisa branca, falava
de forma pausada e baixa, disposto a encarar questões espinhosas, como a
militância no MTST ou a falta de democracia na Venezuela.
Tão logo foi ao segundo turno, Boulos parece
ter passado a crer que retomar uma fala mais incisiva, mais alta e o cenho
franzido seriam caminhos para trazer o eleitorado descrente na política de
Pablo Marçal. Numa época com tantos dados possíveis de extrair de pesquisas, é
o tipo de chute que pode mais confundir o eleitor que ajudar em alguma coisa.
Faz todo o sentido que o candidato do PSOL
explore a hesitação, a tibieza e a falta de carisma de Ricardo Nunes,
características que chegaram a ameaçar a passagem do prefeito do MDB ao segundo
turno. Mas o coerente com a narrativa do primeiro turno seria fazer isso sem
apelar a apelidos chulos à Marçal, sob o risco de reforçar a rejeição que
continua a aparecer nas pesquisas.
Mais que o problema de equalizar as falas do
candidato, parece remanescer desde o início da campanha a dificuldade de falar
com o eleitor que chancelou Lula em 2022. O Datafolha mostra que Nunes ainda
angaria 26% dos votos desse grupo. Para isso, seria necessário um escrutínio
mais detido das demandas do paulistano e de por que ele prefere um prefeito
cuja avaliação é apenas mediana a fazer a mudança preconizada pela campanha.
É difícil saber se, nas três semanas de
duração do segundo turno, seria possível conquistar esse eleitor desconfiado de
Boulos, mas a tentativa ficou pelo caminho. Deu lugar a uma aposta única em
fustigar Nunes com base no apagão da última semana.
O prefeito se escora na dianteira nas
pesquisas para fugir dos debates. Faz isso porque, em todos os eventos em que
enfrentou o psolista ou mesmo os demais candidatos, se saiu pior,
flagrantemente inseguro e suscetível a ataques. Boulos precisaria conseguir
pespegar em Nunes a pecha de covarde sem soar agressivo ou irascível.
Depois da ascensão fulgurante naquela
primeira eleição de 2012, Haddad amargou três derrotas eleitorais até chegar ao
Ministério da Fazenda. Os dissabores nas urnas parecem ter dado ao ministro uma
visão clara do nó colocado diante da esquerda no mundo de hoje, ainda sob os
efeitos do que ele chama de distopia de direita.
Talvez observar a trajetória e ouvir as
ponderações do “poste” de outrora ajudasse o candidato lulista de hoje a
entender que a moderação não se alcança só baixando o volume da fala, para
depois aumentá-lo de novo sem aviso prévio, mas por uma revisão profunda de
ideias e pela coragem de enunciá-las.
O Boulos vai perder e o Trump vai ganhar
ResponderExcluirA esquerda vai suar
E o gado segue, conduzindo a humanidade na direção do precipício.
ExcluirQuando que teremos novamente uma imprensa independente, profissional , investigativa e livre de ideologias?
ResponderExcluirA eleição do Trump vai mudar toda a conjuntura política mundial
ResponderExcluirAqui no Brasil nós vamos ter um reflexo imediato e muito forte
Vai ajudar a botar ordem nesse galinheiro comandado por aquelas galinha do STF
Nossa imprensa nunca foi livre de ideologias! Se Trump ganhar, fortalecerá Putin, com quem ele tem sólida amizade.
ResponderExcluirO Nunes é uma porcaria de prefeito e um péssimo candidato, mas o Boulos é absolutamente inviável e é por isso que vai perder a eleição.
ResponderExcluirMas de toda forma chega a ser comovente o esforço da "imprensa" amiga para lustrar a imagem do militante radical proprietário do Celtinha e tentar enfiar goela abaixo do eleitorado.... mas dessa vez não vão conseguir!
Boulos seria o melhor político do mundo sem aquela agressividade.
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