quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Vinicius Torres Freire - Lula frita batata quente de Haddad

Folha de S. Paulo

País adia conserto fiscal por outro ano, Congresso se dedica a seus dinheiros

Já vimos o filme. A última reprise havia sido em junho, quando a chapa de Fernando Haddad esquentava; as taxas de juros e de câmbio desandavam, para alturas mais daninhas. Agora, o ministro da Fazenda diz que quente é a batata dos gastos fora de controle, inclusive do controle dele mesmo, por lei. Então, Luiz Inácio Lula da Silva frita a batata do ministro.

Diz-se que o pacote de conserto fiscal vem depois da eleição municipal, novembro, por aí. Perdemos outro ano, envenenando aos poucos a possibilidade de PIB maior no futuro próximo.

O Congresso ora se dedica a decidir quem vai ser seu próximo duque, a ser eleito no início de 2025, e a negociar quais serão os barões das pisadinhas nas comissões. Discute com o Supremo legiferante os direitos de mandar dinheiros, emendas, para feudos eleitorais. A reforma tributária pega poeira no plenário vazio.

Haddad insinuou a esta Folha que "agora vai": vai se dar um jeito duradouro nas contas federais, "questão de Estado". Tem até tido muita conversa a respeito do assunto com Lula. Banqueiros encontram-se com o ministro e renovam protestos da mais elevada estima e consideração, por ele, pelo "firme compromisso" com o "ajuste" etc.

Um pouco antes ou um pouco depois dessas diplomacias e relações públicas da política econômica, aparece Lula. Diz que não mexe em Previdência, saúde, educação. Diz que essas despesas não são gastos, mas investimentos, essa conversa de bar ou de grupo de WhatsApp.

Pelo caminho, vazam medidas que o governo "estuda", sem que se entenda direito seu formato, alcance e como conversam com outras providências de modo a fazer que o plano tenha sentido. As medidas não têm o aval de Lula, até porque ainda estariam em elaboração. A batata assa, os juros pulam da panela, fervendo.

Haddad de fato se empenha em dar um jeito nas contas e na dívida que cresce sem controle. Os bancos dão uma força, pois não gostam de confusão em geral, inclusive fiscais e monetárias. Nesta quarta-feira (16), outra vez deram o maior apoio ao ministro, em reunião também com Lula, como o fizeram por duas vezes em junho, em público.

De resto, os bancos outra vez foram dizer ao governo que essa história de bets pode dar rolo e que, no mínimo, querem ficar longe do risco de mutretas como lavagem de dinheiro, entre outros problemas, como ruína das famílias e, pois, inadimplências.

A coisa não anda. Vaza que vai haver limitação definitiva de supersalários (combinaram com o Judiciário?), o que é muito necessário, mas nem de longe resolve o problema. Dizem ainda que vão conter o crescimento excessivo de gasto com BPC, que se tornou uma Previdência alternativa e descontrolada. Que vão rever seguro-desemprego (gasto que não cai nem com emprego alto) e abono salarial. São os suspeitos de sempre, itens que aparecem quando as alternativas maiores de controle fiscal vão para o vinagre —mas nem assim vingam.

A caça aos jabutis anda malparada —trata-se das reduções de impostos que somam meio trilhão de reais por ano, na conta da Receita. Um monte de interesses e o Congresso bloqueiam a revisão dessas concessões, ampliadas inclusive por Lula (1, 2 e 3).

Enfim, a gente fica a pensar se vai haver ajuste na embocadura de 2026, com a direita montada para fazer a festa nas eleições, pelo menos no Congresso.

 

2 comentários:

  1. A batata do Lula está fritando porque o Trump está praticamente eleito todo todos os grandes Players mundiais já estão sinalizando retorno do ex-presidente o próprio Obama Deu entender Que para Kamala está tudo perdido
    A esquerda mundial inclusive a nossa corrupta Liga Ditaduras chinesas russas iranianas vão sentir a pressão
    Com os Estados Unidos entrando em confronto direto com Irã o Brasil que é aliado dos e iatola vai ficar mais enrascado ainda a crise diplomática da Venezuela vai em relação às eleições fraudadas ser pinto , café pequeno
    O Trump Vai entrar forte em cima do Brasil do Lula e o STF que se cuide

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