CartaCapital
O ministro ainda admitiu que o governo pode
rever as medidas fiscais caso necessário
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad (PT), disse considerar que o vazamento sobre a isenção
do Imposto de
Renda para quem recebe até 5 mil reais, medida prevista no pacote
fiscal anunciado pelo governo nesta semana, foi a causa do ruído com o chamado
mercado financeiro. As declarações foram dadas nesta sexta-feira 29.
“Quando você vaza uma informação de governo
sem que a divulgação seja feita com a pompa e circunstância devidas, em
respeito ao cidadão, você vai ter problema de leitura”, pontuou o ministro em
entrevista à Record. Depois
que a informação sobre a isenção foi revelada, o dólar registrou uma alta histórica e
atingiu a casa dos 6 reais.
Haddad ainda cobrou mais responsabilidade das autoridades em relação a temas sensíveis. “Não adianta se queixar do mercado. Cuida da comunicação, não deixa a informação vazar. E quando vazar tem uma autoridade constituída para explicar, aí você não vai ter problema”, acrescentou.
Para o ministro, o vazamento deu margem para
que houvesse confusão sobre o pacote fiscal. “Se
dermos isenção para quem ganha menos de 5 mil, tem de ser compensado por quem
ganha mais de 50 mil reais e não paga. As medidas fiscais, não, são para conter
despesas mesmo. Aí a pergunta de alguns foi ‘como o governo manda medidas para
conter gastos e manda isenção do IR? É uma contradição’. Na verdade, não
existe contradição, são coisas completamente diferentes”.
O conjunto de medidas anunciados pela equipe
econômica prevê limitação no reajuste do salário mínimo, mudanças do abono
salarial e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e as novas regras de
concessão e acompanhamento do Bolsa Família.
Na tarde desta sexta, a Fazenda encaminhou ao
Congresso os dois projetos de lei que tratam do tema. Uma proposta de
emenda à Constituição ainda deve ser enviada ao Legislativo. A análise dos
textos, assinados pelo deputado federal José
Guimarães (PT-CE), começará pela Câmara.
O fim do IR para quem recebe até 5 mil reais
não foi incluída nas propostas. A medida também foi recebida com resistência
pelos congressistas e deve ficar
para 2025.
Durante a entrevista, Haddad ainda indicou
que novas medidas de ajuste fiscal deverão ser tomadas caso as propostas
apresentadas ontem não sejam suficientes para o crescimento sustentável da
economia. Segundo ele, se forem identificados riscos, a equipe
econômica voltará a debater o tema para verificar quais ajustes
precisarão ser feitos.
Além disso, defendeu que as medidas
apresentadas são para contenção e não para corte de gastos. “Conter é manter um
ritmo de crescimento compatível [com o arcabouço fiscal]”. O chefe da Fazenda
também observou que a inflação no País está sob controle, a taxa de
desemprego é a menor da história, mas disse ser necessário
manter a “sustentabilidade da economia”.
“Se dali a dois ou três meses, nós
identificarmos riscos para essa trajetória, nós vamos ter que voltar para a
mesa para verificar quais ajustes terão que ser feitos para manter essa
trajetória”, emendou Haddad.
Bruno Boghossian, em coluna postada neste blog, afirmou que Haddad defendeu que o comunicado do pacote de medidas fiscais e o de reforma das alíquotas de IR fossem feitos em momentos distintos, mas foi voto vencido em reunião de ministros com o Guia dos Povos. Deu no que deu...
ResponderExcluirEnfim...
🙄