Folha de S. Paulo
A ação foi interrompida por motivos alheios à
vontade dos criminosos
A Polícia
Federal descobriu que o golpe dos bolsonaristas em 2022 incluía
um plano de assassinato de Lula,
Alckmin e Alexandre de
Moraes.
O plano foi elaborado pelo general Mário
Fernandes, que trabalhava na Secretaria-Geral da Presidência. Segundo a PF, o
plano foi impresso no Palácio do Planalto e apresentado ao Jair no Palácio da
Alvorada. Dois dias antes, Bolsonaro havia apresentado a minuta do golpe aos
chefes das Forças
Armadas.
O plano previa o recrutamento de seis assassinos, para os quais deveriam ser providenciados seis telefones celulares novos. A polícia descobriu que, nos dias seguintes, seis militares, com celulares recém-comprados, seguiram Alexandre de Moraes. As mensagens dos golpistas mostram que o atentado foi abortado na última hora porque uma sessão do STF foi suspensa.
Isto é: não foi só planejamento. A execução
começou, mas foi interrompida por motivos alheios à vontade dos criminosos.
Era tudo parte do mesmo movimento: Bolsonaro
tentava convencer os chefes militares, os kids pretos planejavam os
assassinatos, políticos bolsonaristas e acampados nas portas dos quartéis
tentavam criar uma onda de apoio popular ao golpe. A investigação da PF mostra
que o general Fernandes, autor do plano de assassinato, era um dos principais
articuladores entre o Planalto, os acampados, os caminhoneiros e a turma do
agronegócio.
Alguns analistas dizem que o golpe de
Bolsonaro nunca teve chance de dar certo porque nunca contou com a rede de
apoios que bancou o golpe de 64.
A diferença é mesmo notável: Bolsonaro
acabara de ser derrotado nas urnas. Lula era um presidente eleito, não um vice
que chegou ao poder porque o presidente renunciou. A mídia brasileira nunca
apoiou Bolsonaro como apoiou os golpistas de 64. Os Estados
Unidos desta vez se opuseram ao golpe.
Mas isso só quer dizer que, para o golpe
bolsonarista dar certo, teria que ser muito mais violento que o de 1964.
É por isso que outras ditaduras
sul-americanas foram mais violentas que a brasileira: porque enfrentaram mais
oposição. Alguém duvida que Jair "não sou coveiro" Bolsonaro teria
coragem de ordenar um banho de sangue?
Jango não resistiu ao golpe para evitar uma
guerra civil. Jair tentou o golpe sabendo que começaria uma. Um coronel
golpista citado pela PF diz claramente: "Vai dar uma guerra civil? Vai
dar. Eu tenho certeza que vai dar".
De agora em diante, é isso: se você se aliar
ao bolsonarismo, está se aliando aos bandidos que perderam a eleição e tentaram
matar quem ganhou para dar início a uma guerra civil.
Quando você ler a manchete "Bolsonaro
indicou vice de Nunes", ouça "Quadrilha que tentou matar Lula e
Alckmin para começar guerra civil indicou vice de Nunes". Quando você ler
"Tarcísio defende Bolsonaro", ouça "Tarcísio defende quadrilha
de assassinos que perdeu eleição e tentou começar guerra civil".
Essa era a briga de Elon Musk:
permitir que essa gente toda pudesse continuar conspirando em público para
matar brasileiros.
É sempre possível que os assassinos do Jair
consigam uma anistia com os ladrões do centrão. Mas uma coisa é certa: esse
barulho que você ouviu na quinta-feira, quando a Polícia Federal indiciou Jair
e seus cúmplices, era o som das instituições funcionando. Funcionando bonito.
Ótimo artigo. Faltou dizer que eles pretendiam mobilizar os colecionadores de armas para essa guerra civil. Foi para isso que o Energúmen0 liberou o comércio de armas. Também faltou dizer que a inspiração do golpe era o fetiche de Jacarta, e que tudo começou na Academia Militar de Agulhas Negras.
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