Folha de S. Paulo
Lula venceu de olho no retrovisor, prometendo
a reconstrução, sem nenhuma proposta inovadora
Conhecidos os resultados das disputas
municipais, instalou-se acesa discussão pública entre líderes petistas e intelectuais de esquerda sobre os rumos do partido, diante de uma votação
que confirma a sua perda de espaço nos principais colégios eleitorais do país.
Importante para o destino do campo progressista, o debate chega com muito vigor e atraso de alguns anos. O impeachment que interrompeu o mandato da presidente Dilma Rousseff, os desmandos jurídicos da Lava Jato, seu uso pelas forças de extrema´direita e, finalmente, a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 conduziram o PT a uma posição defensiva, na qual não parecia necessário –muito menos possível– que o partido refletisse sobre seus erros: a condução desastrada de política econômica depois de 2008, a condescendência em face da corrupção dos seus e dos aliados na coalizão de governo.
A oposição ao governo Bolsonaro e,
finalmente, a disputa para tirar-lhe a reeleição, tampouco exigiram renovação
programática e um discurso que a traduzisse. A defesa da democracia, de fato
ameaçada por um presidente de vocação fascista e intenção golpista, vertebrou a
campanha eleitoral e facilitou o apoio a Lula por
personalidades e eleitores democratas, mais ao centro do espectro político.
Além da oposição à ameaça autocrática, ao candidato bastou a promessa de volta
aos bons tempos da primeira década do século. Tempos em que, sob a gestão
petista, a economia cresceu; milhões de brasileiros transpuseram a linha da
pobreza e se instalaram na chamada classe C; as elites ficaram mais diversas,
menos brancas e masculinas; e, lá fora, o país passou a ser considerado nação
emergente.
Lula venceu no olho mecânico, de olho no
retrovisor, prometendo a reconstrução, sem nenhuma proposta inovadora em
qualquer campo da ação governamental.
Por isso, seu governo não consegue deixar de
parecer velho e apagado. É bem verdade que são muitas as iniciativas que
germinam aqui e ali, nos ministérios mais empenhados em fazer políticas
públicas do que em produzir dividendos de curto prazo para seus titulares. Mas
elas não conseguem abrilhantar o quinto mandato presidencial do PT.
Assim, o debate em curso na legenda de Lula é mais do que bem-vindo. Na raiz, ele diz respeito a
como religar o partido a suas bases populares, hoje disputadas por lideranças
de direita capazes de usar as línguas dos pobres e proporcionar-lhes um léxico
novo para falar de velhas situações –a exemplo do trabalho por conta própria,
hoje circulando sob o nome de empreendedorismo.
Se a questão é essa, o debate não é tanto ir
menos ou mais para o centro, falar o idioma evangélico ou usar a sintaxe do
pobre empreendedor. Tampouco melhorar a comunicação do governo ou do partido. É
encontrar respostas progressistas inovadoras, baseadas em princípios de
equidade –além de fiscalmente viáveis --, para os problemas vividos por vasto
contingente da população –insegurança no trabalho; medo diante do avanço da
criminalidade; baixa qualidade da educação; filas intermináveis no SUS;
desastres climáticos. É também acenar com a ideia republicana de governo limpo
e de convívio social respeitoso dos valores e das crenças de cada um.
''Eles venceram,e o sinal está fechado pra nós,que somos jovens''.A juventude deu uma guinada à direita,o mundo encapotou.
ResponderExcluirComo falar de PT com uma presidente como Gleisy? E agora será ministra.
ResponderExcluirNão tenho esperança neste partido e acabou pra mim o voto útil.
Anule meu voto, e vejo que o Bradil também não confia mais no PT
TRISTE, ESTE VAZIO, DÁ OPORTUNIDADE PARA CRESCIMENTO DA ULTRA DIREITA.
Texto correto!
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