sábado, 9 de novembro de 2024

Platão e Trump - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Segredo da democracia não é selecionar líderes bons, mas assegurar que os que vão embora saiam de forma pacífica

Donald Trump é o vencedor inconteste de eleições livres e limpas. Daí não se segue que os americanos tenham feito uma escolha sábia. Acho até que daria para construir um argumento de que ela é objetivamente errada, a exemplo do brexit, equívoco cujo tamanho pode ser calculado numericamente. Mas não precisamos ir tão longe.

O que me interessa investigar é se más escolhas eleitorais funcionam como argumento contra a democracia. Platão achava que sim. Para ele, a democracia padece de tantas falhas estruturais que acaba levando ao poder demagogos, ditadores potenciais e outras lideranças às quais faltam competência e qualidades morais.

Até esse ponto, é fácil concordar com o grego. Sua conclusão é quase uma descrição de Trump. O problema é que o filósofo propõe como regime ideal um sistema em que o poder seja exercido por uma elite de sábios especialmente treinados para comandar.

Isso talvez fizesse sentido no papel no século 4º a.C. Hoje, porém, abundam evidências empíricas de que conceder poder irrestrito a grupos restritos é um caminho até mais rápido para a tirania.

Curiosamente, as democracias contemporâneas incorporam algo das ideias de Platão. Certos cargos públicos são preenchidos por concursos nos quais se avalia o conhecimento do candidato. Temos também as agências, nas quais quadros de especialistas regulam setores que não resistiriam a muitas trapalhadas técnicas.

As democracias de hoje funcionam, se não maravilhosamente bem, melhor do que sistemas concorrentes. E isso não por causa das escolhas do eleitorado, mas apesar delas.

A virtude do regime não está na seleção de lideranças capacitadas, como imaginava Platão, mas no fato de ele institucionalizar a disputa pelo poder, canalizando-a para formas não violentas. O segredo não é garantir que entrem governantes bons, mas assegurar que os que vão embora o façam de forma pacífica.

É exatamente o que Trump não fez em 2021. Se houvesse algo parecido com uma justiça platônica, isso teria bastado para afastá-lo do jogo democrático. Como não há, ele está de volta.

 

11 comentários:

  1. Perdeu o mané , não amola!!
    O choro é livre livre

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  2. E o teu presidente que comandou uma quadrilha que roubou 1 trilhão de reais dos cofres públicos dinheiro tão importante pra esse nosso povo sofrido Foi julgado e condenado em três instâncias a mais de 20 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro
    Fui arrancado da cadeia pelo STF pra virar presidente na marra , e a turma acha que esquecer isso é fácil e fica jogando pedra no telhado americano

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  3. Depois de fazer Elon Musk de saco de pancada , ameaçar prisão Dos colaboradores do X , aplicar multas no valor de 30 milhões de reais e no final suspendeu X por mais de dois meses
    Vocês acham que o homem inteligente e mais rico do mundo vai deixar barato ?
    A batata do Morais E seus asseclas está assando a aguardem

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  4. Venceu,mas eu acho que não governa os quatro anos,desejo-lhe muita saúde e paz.

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  5. Anônimo à direita, além de notorio analfabeto, é biba de Putin. Trump, Xi... de homen que ele considera forte. Por óbvio, confunde homem forte na politica com o que ele gostaria de carregar e sentir o bafo no cangote. MAM

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  6. Depois de tomar de assalto os grupos de WhatsApp, os fanáticos da direita vieram poluir o debate até em espaços tão bons como este. Triste, Gilvan Melo - a quem agradeço as excelentes postagens. (MO)

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  7. Kkkkkkklkkk
    O choro é livre!!

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  8. Como a Justiça brasileira é parecida com a justiça platônica, afastou o miliciano GOLPISTA das próximas eleições! Mas ele ainda vai enfrentar os julgamentos pelos seus maiores crimes, e depois disto o chororô vai ser dentro da penitenciária.

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  9. Concordo em gênero, número, grau e data com o AAmâncio.
    E acho que as burradas econômicas protecionistas do MAGA Trump vão acabar adubando a horta da Kamala em 2028.

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  10. Retórica é a arte de persuadir alguém entre dois ou mais pontos de vista. A derrota nas urnas é orecedida de derrota retórica. Uma das causas das derrotas da esquerda é a enorme incapacidade de seus escribas ( ou puxa sacos) convencerem o eleitor de que um petralha é uma boa opção.

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  11. Retórica é a arte de persuadir alguém na dúvida entre dois ou mais pontos de vista. A derrota nas urnas é precedida de derrota retórica. Uma das causas das derrotas da esquerda é a enorme incapacidade de seus escribas ( ou puxa sacos) convencerem o eleitor de que um petralha é uma boa opção.

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