O Globo
Donald Trump eleva o nível de incerteza na economia, o que torna mais urgente o nosso ajuste fiscal que, no entanto, tem sido corroído internamente
A semana passada elevou a exigência sobre a política econômica do Brasil. E também subiu o grau dos desafios políticos e diplomáticos. Tudo ficou mais difícil. A inflação, pela primeira vez, estourou o teto da meta, tornando mais urgente o pacote de ajuste de gastos cujo alcance vem sendo corroído internamente no governo. A eleição americana terá impacto negativo na economia, o que nos atinge. Donald Trump é o pior também na economia por ter um programa inflacionário, expansionista fiscal e protecionista. O Fed vai entrar em conflito com Trump que apontou suas baterias contra a cidadela monetária mais influente do planeta, e isso elevará a incerteza econômica e mexerá nos fluxos de capital. O estrago na agenda ambiental e climática tem repercussão global, mas atinge em cheio o projeto do Brasil.
Não é questão de preferência política. É
análise. É evidente que uma pessoa como Trump é oposta aos meus valores. Mas
quero trazer para os leitores as razões pelas quais tudo piora para o Brasil a
partir dessa decisão — soberana — do eleitorado americano. Há quem avalie que
ele terá mais conflito comercial com a China, então haverá mais espaço no
mercado chinês para os produtos brasileiros, ou que ele vai investir mais em
petróleo, que é grande em nossa balança comercial. Discordo dessas avaliações,
porque ninguém ganha com incerteza econômica, principalmente um país como o
Brasil. Em relação ao petróleo, o mais sensato era o mundo fazer o oposto,
caminhar para a descarbonização.
Há uma avaliação no governo brasileiro de que
a política antiambiental de Trump pode ter resistência do próprio setor
privado. É que adensaram-se os negócios e investimentos na economia americana
em transição ecológica e energética. O plano anti-inflacionário de Joe Biden é,
na verdade, uma grande aposta em investimentos verdes. No primeiro mandato, o
ataque de Trump à regulação ambiental foi em parte contido pelos estados. Agora
seria pelas empresas. Mas o fato é que na segunda-feira começa a COP29 no
Azerbaijão já sob a sombra do retrocesso. O mesmo fantasma ronda Belém.
Num mundo que ficou mais complexo, o Brasil
patina na preparação do ajuste fiscal. As medidas formuladas pelas equipes dos
ministérios da Fazenda e Planejamento estão sob aquele mesmo ataque que já
destruiu outros planos no passado. O país precisa de mais flexibilidade
orçamentária, menos engessamento, menos despesas que aumentam no mesmo ritmo da
receita, menos programas ineficientes e sem focalização. É com esse projeto que
se trabalhou, procurando uma abordagem nova.
Mas a partir do momento que as medidas
começaram a ser apresentadas às diversas áreas o que se viu foi a repetição da
defesa setorial, como se a obrigação de ajustar as contas não fosse do governo
inteiro, mas apenas da área econômica.
A eleição de Trump tornará mais exigente a
conjuntura internacional. Se ele conseguir implementar parte do que prometeu,
seja na deportação de trabalhadores sem registro, seja na elevação das tarifas,
o país terá um aumento da inflação de serviços e do custo de produção em todas
as áreas. A dificuldade para ele é que foi eleito explorando a sensação de
desconforto econômico causada pela “carestia”, mas o índice de inflação tem
caído. Se voltar a subir, Trump terá piorado o que prometeu resolver. Ele entrará
em confronto com o Fed, essa crise já está contratada por tudo o que Trump fez
no mandato passado, e por tudo o que disse na campanha. E também porque se a
inflação subir, o banco central norte-americano terá que parar a redução dos
juros ou até subir as taxas. Jerome Powell respondeu com um direto “não” à
pergunta sobre se pretendia renunciar ao seu mandato se Trump pedisse. Seu
mandato vai até maio de 2026. Serão tempos turbulentos na política monetária
americana.
O excepcionalismo americano existe também na
economia, pelo fato de eles serem emissores da moeda de reserva. Isso faz com
que, mesmo com problemas na economia, a alta de juros fortalecerá o dólar e
aumentará a aversão a risco, o que desvia o fluxo de capitais de países
emergentes. A inflação brasileira, em 12 meses, estourou a meta com o dado de
outubro e deve permanecer pressionada. Há uma crise de confiança na política
fiscal brasileira. A melhor reação contra essa adversidade será ter um plano de
corte de gastos que seja crível. Isso para manter a economia sólida nos
próximos dois anos até o fim do mandato.
Miriam você é hilária já virou piada nacional, Esse teu mundo Woke está caindo, para com isso Negacionista é o eixo do mal que Lula está se aliando China Rússia e Irã países autoritários ditatoriais que persegue e mata seus opositores
ResponderExcluirAmigão do maduro da Venezuela do Daniel Ortega da Nicarágua isso é que você você nunca fala porque é paga pra ser puxa-saco do Lula do PT e do governo mas todo mundo já te conhece , acorda para vida , para com isso tá feio pra você jornalista , eu sei que você é mais inteligente do que isso
A colunista entende do riscado.
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