O Estado de S. Paulo
Quando era presidente do Fed (o banco central
dos Estados Unidos), o implacável Paul Volcker avisava que o banco central era
o chato da festa que baixava o som e retirava a bebida quando a animação estava
no auge.
É essa função que o Banco Central do Brasil
(BC) passou a exercer com mais energia nessa quarta-feira, quando aumentou os
juros básicos (Selic) em 1 ponto porcentual e anunciou outras duas pauladas, de
1 ponto cada uma, em janeiro e em março.
Pois a festa seguia animada, com um crescimento do PIB da ordem de 3,5% neste ano, desemprego no seu nível mais baixo da história e vendas no varejo que acumulam alta de 4,9% até outubro, como aponta o IBGE.
Quando o governo Lula vinha comemorando o que
entendia como uma vitória por goleada da economia, vem o BC com um diagnóstico
preocupante, a despeito desse maior dinamismo: a inflação avançando para acima
da meta, perda do controle das expectativas, o dólar disparando, a dívida
pública ameaçando chegar aos 100% do PIB, os fazedores de preços sem confiança
na política fiscal do governo... Como está no comunicado do Copom emitido
quarta-feira à noite: “O cenário se mostra menos incerto e mais adverso”. Daí,
a paulada nos juros.
Como a variação da Selic quase nunca cai de
uma vez de 1 ponto a zero, pode-se prever que os juros seguirão subindo ou 0,5
ou 0,25 ponto por vez, para acima dos 14,25% ao ano já anunciados.
Se isso estiver correto, a partir de março o
Banco Central presidido pelo escolhido a dedo por Lula, o economista Gabriel
Galípolo, estará praticando juros a níveis mais altos do que os da atual
administração presidida por Roberto Campos Neto, bode expiatório de renitentes
ataques do governo atual.
A pergunta que fica: até que ponto a política
de juros agora reforçada conseguirá compensar – e reverter – as incertezas
produzidas pela baixa disposição do governo Lula de segurar as despesas
orçamentárias?
Em boa parte, a resposta a essa pergunta
depende de que o governo Lula mude seu diagnóstico. Até agora, tinha como certo
que a economia está uma maravilha e que o Banco Central joga contra o futuro do
Brasil, porque endurece e encarece o crédito, semeia recessão e desemprego e
nada faz para segurar o dólar com os US$ 363 bilhões em reservas à seu dispor.
Já que não conseguiu a virada no que entende
por atuação nefasta do Banco Central em relação a seu projeto
político-eleitoral focado em 2026, está para se saber se o presidente Lula
truca nesse jogo e mantém a disparada das despesas públicas para comprar a boa
vontade do eleitor ou se adere de uma vez à responsabilidade fiscal para que o
Banco Central volte a amolecer sua política de juros.
" Como a variação da Selic quase nunca cai de uma vez de 1 ponto a zero, pode-se prever que os juros seguirão subindo ou 0,5 ou 0,25 ponto por vez, para acima dos 14,25% ao ano já anunciados.
ResponderExcluirSe isso estiver correto, a partir de março o Banco Central presidido pelo escolhido a dedo por Lula, o economista Gabriel Galípolo, estará praticando juros a níveis mais altos do que os da atual administração presidida por Roberto Campos Neto, bode expiatório de renitentes ataques do governo atual. "
😏😏😏
Não entendi se o colunista concorda com a medida do Banco Central que elevou os juros no país COM A SEGUNDA MAIOR TAXA DE JURO REAL DO MUNDO ou se o colunista propõe que tentemos ser o PAÍS COM A MAIOR TAXA DE JURO REAL DO MUNDO.
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