terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Churrascada na terra das milícias - Alvaro Costa e Silva

 

Folha de S. Paulo

Com o Rio sem segurança e sem água, o governador faz churrascada para Bolsonaro

Cláudio Castro está ameaçado de ter o mandato cassado por uso da máquina nas eleições de 2022. Em outra frente, Eduardo Paes não lhe dá trégua. Reeleito em primeiro turno, o prefeito segue em campanha para minar o grupo bolsonarista liderado pelo governador, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, e o interminável Eduardo Cunha, contra o qual irá concorrer ao Palácio Guanabara em 2026.

Paes sabe que, entre outros, o ponto sensível na gestão Castro é a segurança. Uma bala de fuzil atingiu uma janela do condomínio de alto padrão, na Barra da Tijuca, onde mora o governador. Uma viatura da PM, trafegando na contramão da pista exclusiva do BRT como uma barata tonta, colidiu com um ônibus articulado. Os dois episódios recentes ilustram o fracasso e a anarquia de quem se elegeu com o discurso de combate à violência, mas perdeu o controle das polícias e atualmente é incapaz de entrar em áreas controladas pelo crime organizado.

Na eleição municipal, o delegado Alexandre Ramagem —que era o candidato do PL e hoje está indiciado por participação no golpe de Bolsonaro— deu nota 7 para a segurança pública sob Cláudio Castro. Era uma pontuação elevada demais, mas a fala implodiu o arranjo da direita e da extrema direita, que, derrotado por larga margem na capital, volta a se articular de olho no governo estadual.

O Rio está há uma semana com problemas no abastecimento de água (o preço do carro-pipa chegou a R$ 5.000) por causa de barbeiragens da Águas do Rio, concessionária que assumiu os serviços da Cedae. A prioridade de Castro, no entanto, é outra: confraternizar com Bolsonaro numa churrascada em São Gonçalo, município dominado por milicianos.

Na conversa —da qual participaram o filho 01, Flávio Bolsonaro, e representantes de PL, PP, MDB, União Brasil, Podemos e Solidariedade—, discutiu-se a formação de alianças para as disputas ao Senado e à Câmara. Num revés aos planos de Rodrigo Bacellar, cogitou-se o nome do secretário de Transportes, Washington Reis, como postulante ao cargo de governador. Enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Reis está inelegível. Tudo a ver com o capitão.

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