sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Dado mais revelador da pesquisa liderada por presidente é a amostra – Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Pesquisa verificou potencial de voto de dez nomes, no maior levantamento já feito pelo instituto

A notícia mais estratégica da pesquisa da Genial/Quaest divulgada na manhã desta quinta-feira (12) está no alto da primeira página, que, por tratar das especificações técnicas, poucos se dão ao trabalho de ler. A rodada entrevistou 8.598 pessoas em todo o país, com amostras mais substantivas em São Paulo, Minas, Bahia, Pernambuco, Goiás e Paraná. É um quórum extraordinário, que permite uma margem de erro de apenas um ponto percentual.

A Quaest nunca havia feito nada semelhante. Ao longo de toda a campanha eleitoral, o instituto trabalhou com amostras de até 2 mil questionários. É parte de um projeto que incluirá, ao longo do próximo ano, mais três pesquisas do gênero, que visam a ter um detalhamento maior em Estados de potenciais candidatos à Presidência.

A explicação, dada por Felipe Nunes, diretor do instituto, não impede que se constate também que o custo de uma pesquisa tão grande apenas se justifica se o contratante precisa posicionar suas fichas para a sucessão de 2026. Este não é o comportamento de um único banco, mas de todo o mercado financeiro na virada deste biênio.

O campo da pesquisa foi feito antes da internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A notícia de que passaria por um segundo procedimento levou o dólar a cair abaixo dos R$ 6 pela primeira vez em dezembro. Isso pode acontecer por muitas razões, inclusive a expectativa de que o presidente esteja fora do jogo de sua sucessão.

A informação sobre o potencial de voto de Lula (52%), muito superior a todos os demais pré-candidatos, desde o inelegível Jair Bolsonaro (37%), até Tarcísio de Freitas (22%) e Ronaldo Caiado (14%), não converge, portanto, com as expectativas dos donos do dinheiro.

Por isso, as informações claras e objetivas sobre o estado de saúde do presidente não são apenas uma obrigação de um governo inexplicavelmente sem porta-voz, mas também um dado decisivo para a decisão de voto do eleitor e para o posicionamento dos agentes financeiros. Nesta rodada, apesar da aposta majoritária na recondução de Lula em 2026, 40% do eleitorado acham que o presidente não deveria se recandidatar. Eram 45% em julho deste ano.

Até o surgimento desta pesquisa, a aposta geral da nação financeira era no governador Tarcisio de Freitas, a despeito da manutenção do secretário Guilherme Derrite na Secretaria de Segurança Pública do Estado. O governador de São Paulo não perde apenas para seu padrinho político mas também para o ministro Fernando Haddad (31%), para o ex-ministro Ciro Gomes (29%), que não estava no cenário de ninguém, para Michelle Bolsonaro (28%) e até para Pablo Marçal (25%).

Entre os governadores da direita, Tarcísio permanece mais competitivo que Ratinho Jr. (19%) e Ronaldo Caiado (14%), como pré-candidato à Presidência, mas a avaliação local de suas políticas públicas é inferior à dos demais. Dos seis Estados avaliados, a segurança pública paulista é a pior de todas. Tem uma imagem positiva de apenas 27%, mais baixa que a de Pernambuco (30%), Bahia (31%), Minas (37%), Paraná (50%) e Goiás (71%).

São Paulo também perde para todos os demais na educação, na saúde e na habitação e é competitivo, sem liderar em nenhum deles, na infraestrutura/mobilidade, geração de emprego e renda, e transporte público. Se as políticas públicas adotadas em seu Estado são a base para uma plataforma nacional, há um sinal indiscutivelmente amarelo para o governador paulista.

A fragilidade de Bolsonaro, que Nunes vê como um dos principais resultados da pesquisa e relaciona com o golpismo, ainda que não tenham sido divulgados gráficos que o atestem, torna ainda mais premente este comparativo entre as lideranças de direita.

A ex-primeira-dama tem sido a liderança mais vocal do bolsonarismo em relação às mudanças propostas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O governo já aceitou voltar atrás na mudança da elegibilidade proposta para o benefício, mas a notícia já foi suficiente para provocar estragos.

Se Haddad tem razão em concluir que déficit de atenção não pode ser passaporte para um benefício vitalício desde a infância, é possível atestar o exagero por meio de perícia e cruzamento de dados como o Ministério do Desenvolvimento Social fez com o Bolsa Família, que cortou 3 milhões de beneficiários depois de detectadas irregularidades.

O corte era necessário mas, ao fazê-lo sem alarde, teve um impacto menor, ainda que não desprezível. No Nordeste, região em que, apesar de permanecer aquela em que sua aprovação é maior, o presidente perdeu gordura. De abril para cá, o presidente perdeu oito pontos na sua aprovação em Pernambuco.

A pesquisa também é um alerta para Fernando Haddad, padrinho do ajuste fiscal. Sua competitividade é o ponto mais relevante da pesquisa na avaliação de Felipe Nunes, que a atribui à força do governo. A manutenção deste quadro de bons indicadores para o presidente e sua principal alternativa, porém, depende da manutenção do crescimento econômico e das políticas públicas. É o que está em jogo na curva ascendente de juros e no ajuste fiscal em pauta no Congresso.

 

8 comentários:

  1. Quem disse que o governo não tem porta-voz ? É a primeira-dama.

    😏

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  2. A Janja conversa bastante com Tio Paulo
    Ela compreende seus sussurros
    Sempre por dentro do que se passa com o maridão

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  3. Nem um vídeo, nem uma foto real do Tio Paulo despachando da UTI

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    1. É o fantasma do Lula que está andando hoje pelos corredores do hospital, né, babaca?

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  4. O Brasil anda tão sem rumo que ninguém está sentado falta do que segura o leme
    Estamos sem comandante ,

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  5. Haddad é o cara,aliás,sempre foi.

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  6. Não ficarei surpreso se Lula despachar os próximos dois anos da UTI....

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  7. Não ficarei surpreso se o papagaio bolsonarista inventar nova mentira ou outra suspeita infundada amanhã. Ou hoje de noite até...

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