Folha de S. Paulo
Emendas parlamentares ao Orçamento deixaram
de funcionar como cola para coalizões e se tornaram ativo eleitoral para
incumbentes
É até possível que o acordão entre
Legislativo, Executivo e Judiciário sobre a tramitação de emendas
parlamentares torne o processo mais transparente, o que é
desejável, mas fica muito aquém de transformá-las em algo útil e não
contraproducente para a sociedade.
Ao contrário de quase todo mundo, sempre fui contra a possibilidade de legisladores interferirem de forma paroquial no Orçamento. É verdade que, até um passado recente, as emendas ainda tinham uma função instrumental. Eram a forma pela qual os governos arregimentavam maioria no Congresso. O legislador que votasse de acordo com os interesses do Executivo tinha suas emendas liberadas.
Mudanças na execução do Orçamento, contudo,
acabaram com isso. Não apenas houve a multiplicação dos tipos de emenda e a
substancial ampliação de seus valores como várias delas se tornaram
obrigatórias.
Sem funcionar mais como uma cola para a
formação de coalizões, as emendas viraram essencialmente um ativo
eleitoral. Elas dão a deputados e senadores e seus prefeitos aliados
uma enorme vantagem na disputa por votos.
Vimos isso com nitidez nas eleições
municipais deste ano. Nas cidades mais beneficiadas por emendas, a taxa de
reeleição de prefeitos foi maior. Devemos assistir a fenômeno
análogo e com muito maior intensidade na reeleição para a Câmara e para o Senado em
2026.
Há aí um elemento de desequilíbrio
democrático, já que as emendas reduzem as chances eleitorais de candidatos que
desafiem os incumbentes. E não é só. As emendas também provocam uma atomização
dos investimentos públicos, que perdem eficácia.
Outra consequência desse processo foi o
relativo enfraquecimento do Executivo e fortalecimento do Legislativo. Isso não
é algo que eu veja com maus olhos. O segredo da democracia é que mudanças de
maior envergadura não podem ser impossíveis mas tampouco devem ser muito
fáceis. Se você discorda disso, lembre-se de que é uma questão de tempo até que
o grupo político que você mais despreza conquiste o poder central e tente
implementar seu próprio rol de mudanças.
As emendas parlamentares controladas pelo governo é o mensalão gigante institucionalizado
ResponderExcluirE todo mundo passando pano
" Se você discorda disso, lembre-se de que é uma questão de tempo até que o grupo político que você mais despreza conquiste o poder central e tente implementar seu próprio rol de mudanças. "
ResponderExcluirQue " você mais despreza " ou que o próprio colunista mais despreza ?
🤔😏
"as emendas viraram essencialmente um ativo eleitoral"
ResponderExcluirAtivo Eleitoral é o 'novo' (novo é o c******!) nome do ROUBO dos recursos perpretado contínua, constante e permanentemente pelos senhores congressistas legislativos sobre os impostos que pagamos?
O congresso reage às medidas corretivas das emendas atacando Flávio Dino.
ResponderExcluirEscamoteiam a verdade: foi Rosa Weber a heroína que decidiu acabar com a roubalheira desenfreada.
O que Flávio Dino faz é regulamentar o que pode e o que não pode, já que os congressistas (corruptos-corruptores?) não sabem a diferença entre uma cousa e outra.
Valeu!
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