Plano B de Bananinha - Bernardo Mello Franco

O Globo

Declaração indica que ex-presidente só apoiará quem tiver seu sobrenome

Eduardo Bolsonaro foi a Buenos Aires tirar uma selfie com Javier Milei e visitar aliados do pai na cadeia. Depois da incursão carcerária, deu um recado sobre a eleição presidencial de 2026. “O plano A é Bolsonaro. Posso ser o plano B”, disse.

Com cinco palavras, o Zero Três se autoproclamou candidato ao Planalto. A frase joga luz sobre a estratégia eleitoral do clã.

Jair Bolsonaro, o plano A, está inelegível até 2030. Foi condenado duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral. Com o capitão fora do jogo, abriu-se um espaço para novos competidores no campo da direita.

A declaração de Eduardo indica que a família só admite uma alternativa ao patriarca se ela também usar o sobrenome Bolsonaro. Isso limita as opções a quatro nomes: Flávio, Carlos, Eduardo e Michelle.

O ex-presidente já deixou claro que não admite concorrência à família. Quando estava no poder, abriu fogo contra dois governadores que ousaram sonhar com sua cadeira. Wilson Witzel foi cassado num processo-relâmpago. João Doria apanhou até desistir da candidatura, do partido e da carreira política.

Agora outros governadores de direita cultivam ambições presidenciais, como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ratinho Júnior. O único a admitir o desejo em público é Ronaldo Caiado, que o capitão já passou a tratar como inimigo.

O general Hamilton Mourão conhece essa agressiva reserva de mercado. Eleito vice-presidente na chapa de Bolsonaro, atravessou quatro anos sendo torpedeado pelo clã. Na maior parte do tempo, ouviu as provocações sem responder.

Em março de 2020, quebrou o silêncio e rebateu um palpite do Zero Três sobre as relações do Brasil com a China. “O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha, não era problema nenhum”, ironizou.

Mourão se recolheu, mas o apelido grudou no filho do capitão. A ver se o plano B de Bolsonaro terá mesmo o B de Bananinha.