O Estado de S. Paulo
O Globo de Ouro de Fernanda Torres, a três dias do segundo ano do 8/1, é um troféu à democracia
O Globo de Ouro da nossa Fernanda Torres e o
próprio lançamento de Ainda Estou Aqui lavam nossa alma brasileira e vêm num
momento muitíssimo especial, com o mundo tomando rumos preocupantes e o Brasil
comemorando a resistência da nossa democracia e alertando para o risco que
todos corremos de um golpe de claro viés militar.
Fernanda mobilizou o Brasil e surpreendeu o
mundo ao encarnar a grande guerreira Eunice Paiva e trazer o troféu justamente
três dias antes de o aterrorizante 8 de janeiro de 2023 completar dois anos. Um
prêmio para o talento incontestável de uma atriz incrível, com uma mãe incrível
e de uma família incrível, mas também para nós, brasileiros.
O filme de Walter Salles, estrelado também por Selton Mello, impecável no papel de Rubens Paiva, já seria fantástico em qualquer época, mas é especialmente oportuno ao enaltecer a resistência quando o País comemora a vitória da democracia. A Polícia Federal investigou e o Supremo Tribunal Federal vem punindo com rigor os atos e os criminosos que vandalizaram o Planalto, o Congresso e o próprio STF. E a investigação e as punições não acabaram.
Nesta quarta-feira, o presidente Lula
relembra a reação ao 8/1, reunindo no Planalto os presidentes de Câmara, Senado
e STF, numa cerimônia para a qual foram convidados todos os
ministros da Corte para um abraço que
simbolize a união das instituições pela democracia e para receber as obras de
arte restauradas que os vândalos tentaram, também sem sucesso, destruir.
Para além dos eventos e das simbologias, a PF
continua investigando e trazendo à tona novos detalhes, provas e, quem sabe,
personagens que planejaram o golpe com requintes sórdidos como imprimir o plano
no Planalto e dali levar para o Alvorada, onde o então presidente o reviu e
aprovou. Foram os mentores do plano que atiçaram os executores do 8/1.
Vem aí um relatório complementar da PF,
enquanto a PGR se prepara para denunciar quem e o que for denunciável, e o
Supremo, para julgar e punir quem e o que for julgável e condenável. O desfecho
está previsto ainda para este ano, confirmando que as instituições, apesar dos
pesares, estão a postos para defender a democracia dentro da ordem e da
legalidade.
O filme de Walter Salles, baseado no livro de
Marcelo Rubens Paiva e estrelado por Selton e Fernanda, atriz, escritora,
comentarista e bela pessoa, traz de volta uma história que não é só de Rubens e
Eunice Paiva, mas de uma era sombria e sangrenta do nosso país. Fortalece,
assim, um grito que nunca pode calar: golpe, ditadura e tortura, nunca, nunca,
nunca mais! E que venha o Oscar!
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