Folha de S. Paulo
Conversa do governo sobre preço de alimentos
tem cada vez mais demagogia conspiratória
O Departamento de Justiça dos Estados
Unidos investiga
se grandes produtores de ovos fazem conluio a fim de aumentar preços. Donald Trump fica
entediado com esses assuntos, preço de comida, mas falou de ovos em
seu discurso no Congresso, cheio de mentiras, demagogia imunda, ódio e
delírio narcisista. Ao que parece, a carestia por lá se deve ao grande massacre
de galinhas da gripe aviária.
Em discurso para o pessoal do MST, Luiz Inácio Lula da Silva falou com ira santa de sua missão de encontrar um culpado pela carestia dos ovos. "Ainda não encontrei uma galinha pedindo aumento do ovo. A coitadinha sofre, ainda canta quando põe o ovo, mas o ovo está saindo do controle. Uns dizem que é o calor, outros dizem que é a exportação. Eu estou atrás", disse o presidente.
Atrás de quem? Do intermediário que
"assalta" o povo, como também no caso do diesel, segundo o
presidente. "A gente não quer que o produtor tenha prejuízo. O que nós
precisamos é saber que tem atravessador no meio. Entre o produtor e o consumidor
deve ter muita gente que mete o dedo no meio. E nós vamos descobrir quem é o
responsável por isso".
O que poderia parecer promessa de
investigação logo se torna acusação, tentativa sub-reptícia de apontar um
inimigo do povo. Falar de "atravessadores" para explicar carestias é
demagogia que havia caído de moda desde o Plano Real, faz trinta anos.
Haveria conluios, cartéis? Pode ser. O
presidente sabe? Mandou investigar, com os tantos meios à sua disposição? Não
se sabe, mas Lula já ameaçou medidas "drásticas" caso os
preços dos alimentos não baixem (em vez de medidas
"pacíficas"). Se são medidas justas e eficazes, por que não teriam
sido adotadas até agora? Se não é o
Em maio de 2024, o preço do arroz aumentava
ao ritmo de 27% por ano. O governo Lula inventou de importar o produto a fim de
vende-lo baratinho em sacos com propaganda governista. A compra cheirava a
mutreta, foi cancelada. Tinha "coisa errada", disse Lula (qual coisa
errada, nunca se soube). O arroz ainda custa caro, mas a alta anual de preços
baixou a 1,2%, em janeiro. A demagogia saiu pela culatra, mas desde fins do ano
passado se tornou o programa mais ativo desse governo com popularidade em baixa
grande.
O governo agora zerou
o imposto de importação de vários produtos. Em si mesma, em qualquer tempo,
a medida é razoável, pois não há motivo de tributar importações de produtos em
que o país é campeão mundial. Alguma redução de custo haverá, mas de impacto
mínimo, se algum, no varejo, fora o risco de distorções e de privilegiar ricos.
A comida ficou mais cara por desastres
climáticos locais e mundiais, carestia global de alimentos que vem desde a
epidemia, e por causa do dólar, alto
também por causa de políticas econômicas de Lula.
Os entendidos em ovo e produtores dizem que o
período é de consumo alto e que a produção foi prejudicada pelo calorão. O que
dizem os supermercados, possíveis "atravessadores"? Nas reuniões que
teve com esses empresários, Lula os acusou de "meter o dedo" nos
preços? Não acusou, diz quem esteve lá. Lula tem política de médio ou longo
prazo? Tem medida emergencial eficaz (difícil de haver)? Tem investigação de
fraude do mercado?
Não. Tem teoria da conspiração e demagogia
crescente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.