sábado, 31 de maio de 2025

Resultado do PIB 1º trimestre reforça viés de alta para projeções de 2025 – Míriam Leitão

Por Ana Carolina Diniz / O Globo

O PIB cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao quarto trimestre de 2024, segundo dados divulgados pelo IBGE. Na comparação anual, a economia avançou 2,9%, resultado que, embora abaixo da expectativa de 1,5%.

Com o resultado, as projeções para o PIB de 2025 passaram a ter um viés de alta, mas com expectativa de desaceleração gradual nos próximos trimestres. Luis Otávio Leal, sócio e economista-chefe da G5 Partner, por exemplo, manteve a previsão de crescimento de 2,3% neste ano, mas é possível adicionar um viés de alta para a estimativa do ano.

Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, o "carrego" estatístico deixado pelo resultado — estimado em 2,2% — deve levar a revisões altistas no consenso de mercado, aproximando-se da projeção da casa, de 2,5% para o ano.

- O cheiro inicial é que deve levar a revisões altistas do consenso em direção aos nossos 2,5%. No entanto, o PIB faz com que nossa visão sobre o balanço de riscos da nossa projeção fique mais equilibrada.

Segundo a economista, para o Banco Central, o dado do PIB representa um “copo meio cheio, meio vazio”. Não deve, por si só, aumentar significativamente a probabilidade de continuidade do ciclo de cortes de juros, mas tampouco deve reduzi-la de maneira expressiva.

- Quando comparado à visão pós-dados do mercado de trabalho, o PIB não deveria aumentar mais a probabilidade de continuidade de ciclo. Mas também não deveria diminuir muito: o PIB é retrovisor, dá um cheiro do qualitativo. E o qualitativo é de recuperação da demanda doméstica em relação ao quarto trimestre. O prospectivo é um mercado de trabalho forte.

Diante desse cenário, Natalie reforçou que, apesar da surpresa positiva com o PIB, a SulAmérica mantém a expectativa de que a Selic permaneça em 14,75% até o fim de 2025, alinhada com a sinalização recente do Banco Central.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, projeta também uma desaceleração moderada ao longo do ano, com crescimento do PIB estimado em 2,2% para 2025 — sustentado, em grande medida, pelo elevado carrego estatístico e pelo bom desempenho de setores exógenos, como o agronegócio e a indústria extrativa. A partir do segundo trimestre, contudo, esperamos que a desaceleração se intensifique, aumentando o risco de estagnação.

Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, também reforçou a expectativa de desaceleração suave, mas reconheceu que o mercado de trabalho aquecido e as medidas de estímulo recentemente anunciadas pelo governo podem sustentar a demanda interna no curto prazo. A casa prevê alta de 0,5% no PIB do segundo trimestre, com avanço de 2,4% na comparação anual. Assim como a Genial, a XP vê espaço para revisar para cima sua projeção atual de 2,3% para o PIB de 2025.

O JP Morgan, por sua vez, revisou sua estimativa para o segundo trimestre, elevando de 1,5% para 2,2%. O banco destaca que, apesar da retomada do consumo das famílias e do investimento no início do ano, o ritmo da atividade econômica deve perder força nos próximos meses.

“A recuperação da demanda interna deve persistir no curto prazo, mas esperamos uma desaceleração moderada na segunda metade do ano, refletindo os efeitos cumulativos do aperto monetário, condições de crédito mais restritivas e um impulso fiscal negativo”, avaliou o JP Morgan em relatório.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.