Por Ana Carolina Diniz / O Globo
O PIB cresceu
1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao quarto trimestre de 2024, segundo
dados divulgados pelo IBGE.
Na comparação anual, a economia avançou 2,9%, resultado que, embora abaixo da
expectativa de 1,5%.
Com o resultado, as projeções para o PIB de 2025
passaram a ter um viés de alta, mas com expectativa de desaceleração gradual
nos próximos trimestres. Luis Otávio Leal, sócio e economista-chefe da G5
Partner, por exemplo, manteve a previsão de crescimento de 2,3% neste ano, mas
é possível adicionar um viés de alta para a estimativa do ano.
Para Natalie Victal, economista-chefe da
SulAmérica Investimentos, o "carrego" estatístico deixado pelo
resultado — estimado em 2,2% — deve levar a revisões altistas no consenso de
mercado, aproximando-se da projeção da casa, de 2,5% para o ano.
- O cheiro inicial é que deve levar a revisões altistas do consenso em direção aos nossos 2,5%. No entanto, o PIB faz com que nossa visão sobre o balanço de riscos da nossa projeção fique mais equilibrada.
Segundo a economista, para o Banco
Central, o dado do PIB representa um “copo meio cheio, meio vazio”. Não
deve, por si só, aumentar significativamente a probabilidade de continuidade do
ciclo de cortes de juros, mas tampouco deve reduzi-la de maneira expressiva.
- Quando comparado à visão pós-dados do
mercado de trabalho, o PIB não deveria aumentar mais a probabilidade de
continuidade de ciclo. Mas também não deveria diminuir muito: o PIB é
retrovisor, dá um cheiro do qualitativo. E o qualitativo é de recuperação da
demanda doméstica em relação ao quarto trimestre. O prospectivo é um mercado de
trabalho forte.
Diante desse cenário, Natalie reforçou que,
apesar da surpresa positiva com o PIB, a SulAmérica mantém a expectativa de que
a Selic permaneça em 14,75% até o fim de 2025, alinhada com a sinalização
recente do Banco Central.
Igor Cadilhac, economista do PicPay, projeta
também uma desaceleração moderada ao longo do ano, com crescimento do PIB
estimado em 2,2% para 2025 — sustentado, em grande medida, pelo elevado carrego
estatístico e pelo bom desempenho de setores exógenos, como o agronegócio e a
indústria extrativa. A partir do segundo trimestre, contudo, esperamos que a
desaceleração se intensifique, aumentando o risco de estagnação.
Rodolfo Margato, economista da XP
Investimentos, também reforçou a expectativa de desaceleração suave, mas
reconheceu que o mercado de trabalho aquecido e as medidas de estímulo
recentemente anunciadas pelo governo podem sustentar a demanda interna no curto
prazo. A casa prevê alta de 0,5% no PIB do segundo trimestre, com avanço de
2,4% na comparação anual. Assim como a Genial, a XP vê espaço para revisar para
cima sua projeção atual de 2,3% para o PIB de 2025.
O JP Morgan, por sua vez, revisou sua
estimativa para o segundo trimestre, elevando de 1,5% para 2,2%. O banco
destaca que, apesar da retomada do consumo das famílias e do investimento no
início do ano, o ritmo da atividade econômica deve perder força nos próximos
meses.
“A recuperação da demanda interna deve
persistir no curto prazo, mas esperamos uma desaceleração moderada na segunda
metade do ano, refletindo os efeitos cumulativos do aperto monetário, condições
de crédito mais restritivas e um impulso fiscal negativo”, avaliou o JP Morgan
em relatório.
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