Folha de S. Paulo
Lula 3 é inerte na Previdência, no setor
elétrico, na Saúde, na Autoridade Climática etc.
O caso
da roubança no INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) é um exemplo de que o governo não governa em
extensas partes da administração federal, que está de algum modo largada ou
inerte, sem reformas fundamentais ou que, ao menos, permitam que o sistema
funcione sem fraudes e inoperâncias críticas.
Além do caso da Previdência,
temos problemas tanto essenciais quanto urgentes no setor elétrico. No SUS
(Sistema Único de Saúde), sem
reforma fundamental faz décadas, mesmo que agora tenha mais recursos, pois
houve aumento brutal de financiamento do Ministério da Saúde. Onde está a
Autoridade Climática prometida por Lula? Etc.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu o
presidente do INSS apenas quando a Polícia Federal deu uma batida na
instituição. Titubeou, mas demitiu. O então ministro da Previdência, Carlos
Lupi, não se prontificou a sacar o comando daquilo que é quase toda a função do
ministério.
Mais preocupado com política e imagem, o
governo tergiversou, enrolou e quase não tirou Lupi da cadeira. Em
seguida, colocou o vice de Lupi no ministério.
Enrola de novo. Em vez de trocar seis por meia dúzia mais um, o governo poderia enfim aproveitar a oportunidade para fazer limpa maior e começar uma reforma do INSS. Para começar, é preciso ter um Ministério da Previdência? Segundo, por que havia e há tanta fraude?
Por que tanto pagamento de benefício deriva
de sentença judicial (precatório)? Erro da Justiça, incompetência jurídica do
governo, trambique, erro administrativo? Por que há tanta fila na análise dos
processos de pedidos de benefícios, um serviço porco? O governo de esquerda
está aí faz dois anos e meio, e nada.
No setor elétrico, espera-se também há dois
anos e meio que se apresente uma reforma. A energia é cara. Os subsídios são
loucos, ineficientes e injustos. Há muito favor para empresas, empresários e
setores.
O planejamento está com problemas graves.
Mais do que sempre, precisa ser alterado, pois o grande aumento da geração de
energia eólica e solar modificou o padrão de fornecimento de eletricidade.
Por falar nisso, o governo atrasa os leilões
de energia "extra" de reserva, ainda mais necessária em um sistema
que depende muito agora de sol e vento —no ano passado, corremos risco de
apagões em horários de pico. Obviamente o governo Lula-PT não tinha plano de
reforma, se é que sabia que a mudança, grande profunda e complicada, era
necessária.
Em vez disso, Lula queria mais poder na Eletrobras.
A empresa foi privatizada de modo porco, sim, piorado ainda mais pelo
Congresso, cheio de jabutis para empresários, mumunhas e ineficiências. Mas o
governo queria apenas é mandar na empresa "estratégica" (qual o
plano?). Queria cargos para amigos e "aliados" de centrões e
direitões. Seria grande o risco de roubo, como se fez na Petrobras ou nos
Correios.
O governo acha que governar é "colocar
mais dinheiro na mão do povo", fazer transferências de renda, que, no
entanto, ainda são ineficientes (muito pobre não recebe), desiguais e estão à
beira do limite, pois o dinheiro acabou (e nem com mais imposto vai se
resolver).
Mudar estruturas, fazer reformas, como a
tributária e outras que a Fazenda criou ou retomou, não está nos planos. A
falta de imaginação, competência técnica, interesse político e visão de futuro
é mais do que deprimente. É um atraso, motivo do retardo econômico e social do
país e, de resto, dá nisso, em roubança e serviço porco como as filas do INSS.
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