O Estado de S. Paulo
Pix, INSS e IOF: governo tropeça em siglas, posts e versões, oposição faz a festa
Vivendo e aprendendo, mas o governo parece não aprender nunca. Depois da crise do Pix, tão recente, a do IOF também começa com ministros batendo cabeça, evolui com o desprezo aos setores atingidos, explode com um anúncio mal planejado e executado e acaba num recuo vexaminoso, com a oposição soltando fogos, rojões e disparos certeiros nas redes sociais. O Congresso, claro, entra na festa.
A prova cabal da patacoada é o post
comunicando o recuo ao distinto público já perto da meia noite, horas depois do
anúncio. Em poucas linhas, gastas com números de artigos e parágrafos, sem
explicar nada, o governo conseguiu piorar o que começou ruim e já estava
péssimo àquela altura. A peça de gênio era absolutamente incompreensível para
quem é da área financeira, imaginem para pobres mortais? A primeira reação foi
de espanto e dúvidas. Cancelaram tudo? Não vai ter mais aumento de IOF? Ninguém
sabia responder e o ministro Fernando Haddad tentou apagar a fogueira com
pingos d’água, explicando, daqui e dali, que não era “tudo”, a mudança atingia
um único ponto do pacote. Haddad, aliás, estava voando, ou melhor, no avião
para São Paulo, enquanto Rui Costa, seu maior adversário interno, presidia uma
reunião de emergência. Por volta das 8h do dia seguinte, antes da abertura do
mercado e de um previsível desastre na Bolsa, Haddad reunia a imprensa para explicar
o que mudava, justificar que havia recebido “subsídios” do setor financeiro e
minimizar o recuo: afinal, o total do pacote seria de R$ 54 bilhões, entre
contingenciamento de gastos e aumento de IOF, e o impacto da alteração será só
de R$ 2 bilhões.
Não foram “subsídios”, porém. Quem é do ramo
corrige: “a reação foi forte, o mercado ficou estarrecido e perplexo com a
maior taxação do capital, do investimento, do câmbio e do crédito”. E mais:
classificou como “lambança” usar imposto regulatório para alavancar
arrecadação.
Além disso, a mudança envolver dois, dez ou
vinte bilhões é coisa para entendidos. O que conta é a guerra de narrativas na
internet, na qual o governo sempre entra derrotado, e a consequente percepção
da sociedade.
Quando Haddad falou, já tinha viralizado que
o governo não dá uma dentro, vive de recuo em recuo, todos brigam com todos e a
comunicação é uma lástima.
Pior: o link com as crises do Pix e do INSS.
Nas redes, o mesmo governo que tentou morder a renda dos pobres com o PIX e
abrigou o roubo de aposentados e pensionistas agora se volta contra a classe
média, investidores e por aí vai. E Haddad sempre negou aumento de impostos,
mas o que é o IOF? Imposto sobre Operações Financeiras. Nikolas Ferreira “rides
again”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.