O Estado de S. Paulo
Nova retaliação de Trump preocupa mercado de capitais por afugentar investidores
As implicações da política econômica e da
ideologia de Donald Trump para os negócios e as relações internacionais ganham
novas nuances. A possibilidade de a Justiça barrar a aplicação de tarifas
lineares, a proposta de taxar os lucros de empresas estrangeiras e a ameaça de
sanções contra autoridades que restringem a atuação das redes sociais abrem
novo capítulo na guerra econômica.
O presidente do STF, Alexandre de Moraes, foi notificado pelo Departamento de Justiça de que suas ordens “não podem ser executadas nos EUA”. A advertência foi provocada pela suspensão, no Brasil, da plataforma Rumble, que presta serviços para a Truth Social, de Trump. A Rumble se recusou a tirar do ar vídeos que, segundo Moraes, atacavam as instituições democráticas e disseminavam desinformação. A mesma acusação levou à suspensão do X no ano passado.
O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou
que o governo americano prepara o bloqueio de vistos de autoridades da América
Latina e da Europa, acusados de cercear a “liberdade de expressão” em
plataformas americanas.
Essa seria a sanção mais leve no arsenal
americano. Uma eventual escalada poderia envolver o congelamento de bens e
punições contra bancos que mantêm contas de Moraes e do procurador-geral Paulo
Gonet, autor de uma denúncia contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro,
autoexilado nos EUA.
No pacote fiscal aprovado na Câmara, Trump
incluiu a cobrança de impostos de até 20% sobre lucros gerados por atividades
financeiras de empresas estrangeiras instaladas nos EUA cujos países de origem
aplicam taxas sobre serviços digitais contra plataformas americanas, como é o
caso da União Europeia. Além disso, Europa e Brasil adotaram impostos de até
15% sobre as empresas que pagam menos que isso em seus países de origem, o que
atinge as big techs americanas.
A nova retaliação de Trump preocupa o mercado
de capitais americano, por afugentar investidores estrangeiros – que o
presidente diz estar tentando atrair – e desestimular atividades financeiras no
país.
O Tribunal de Comércio Internacional julgou
ilegal o uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional para
aplicar tarifas de importação generalizadas. A Corte de Apelações deu liminar
ao governo até o julgamento do mérito, no dia 9. Se a ilegalidade for
confirmada na segunda instância e na Suprema Corte, Trump terá de adotar
tarifas contra produtos e países determinados, mediante justificativas
específicas, abrindo caminho para mais distorções e incertezas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.