domingo, 1 de junho de 2025

O novo capítulo da guerra econômica - Lourival Sant’Anna

O Estado de S. Paulo

Nova retaliação de Trump preocupa mercado de capitais por afugentar investidores

As implicações da política econômica e da ideologia de Donald Trump para os negócios e as relações internacionais ganham novas nuances. A possibilidade de a Justiça barrar a aplicação de tarifas lineares, a proposta de taxar os lucros de empresas estrangeiras e a ameaça de sanções contra autoridades que restringem a atuação das redes sociais abrem novo capítulo na guerra econômica.

O presidente do STF, Alexandre de Moraes, foi notificado pelo Departamento de Justiça de que suas ordens “não podem ser executadas nos EUA”. A advertência foi provocada pela suspensão, no Brasil, da plataforma Rumble, que presta serviços para a Truth Social, de Trump. A Rumble se recusou a tirar do ar vídeos que, segundo Moraes, atacavam as instituições democráticas e disseminavam desinformação. A mesma acusação levou à suspensão do X no ano passado.

O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o governo americano prepara o bloqueio de vistos de autoridades da América Latina e da Europa, acusados de cercear a “liberdade de expressão” em plataformas americanas.

Essa seria a sanção mais leve no arsenal americano. Uma eventual escalada poderia envolver o congelamento de bens e punições contra bancos que mantêm contas de Moraes e do procurador-geral Paulo Gonet, autor de uma denúncia contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, autoexilado nos EUA.

No pacote fiscal aprovado na Câmara, Trump incluiu a cobrança de impostos de até 20% sobre lucros gerados por atividades financeiras de empresas estrangeiras instaladas nos EUA cujos países de origem aplicam taxas sobre serviços digitais contra plataformas americanas, como é o caso da União Europeia. Além disso, Europa e Brasil adotaram impostos de até 15% sobre as empresas que pagam menos que isso em seus países de origem, o que atinge as big techs americanas.

A nova retaliação de Trump preocupa o mercado de capitais americano, por afugentar investidores estrangeiros – que o presidente diz estar tentando atrair – e desestimular atividades financeiras no país.

O Tribunal de Comércio Internacional julgou ilegal o uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional para aplicar tarifas de importação generalizadas. A Corte de Apelações deu liminar ao governo até o julgamento do mérito, no dia 9. Se a ilegalidade for confirmada na segunda instância e na Suprema Corte, Trump terá de adotar tarifas contra produtos e países determinados, mediante justificativas específicas, abrindo caminho para mais distorções e incertezas.

 

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