sábado, 26 de julho de 2025

Basta de pauta-bomba - Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

Até os mais acostumados com os lobbies no Congresso estão perplexos diante da voracidade atual

É preciso dar um basta aos projetos que representam uma bomba para as finanças públicas. Na maioria das vezes, são aprovados pelo Congresso, com ou sem apoio do governo, sempre que o foco dos acontecimentos no país está voltado para outros temas que prendem a atenção da população em geral e da mídia.

Enquanto o país ainda assimilava o anúncio pelo presidente Donald Trump da sobretaxa de 50% dos produtos brasileiros, os deputados resolveram aprovar projeto de lei que cria uma bomba fiscal de R$ 37,5 bilhões para a União ao ampliar indenizações por defeitos na construção de imóveis financiados pelo antigo SFH.

A votação ocorreu no último dia 16, na mesma sessão que aprovou outra bomba fiscal de R$ 30 bilhões para favorecer o agronegócio. Outro projeto aprovado torna permanente e ainda amplia um incentivo bilionário para fomento ao esporte no país.

Lideranças atribuíram a aprovação a uma resposta após o veto do presidente Lula ao aumento de deputados e à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de validar o aumento do IOF, contra a decisão anterior do Congresso.

Não é nada disso. Chama-se aproveitamento de janela de oportunidade para emplacar propostas que interessam a grupos empresariais com nome e sobrenome, sem debate e chance de reação.

É a tática do momento da distração para emplacar uma pauta-bomba, como são chamados os projetos que geram aumento de gastos. De bomba em bomba, as finanças do país não aguentam.

Até os mais acostumados com as costuras políticas da atuação dos lobbies no Congresso, entreouvidos, falam que estão perplexos com a voracidade atual da movimentação.

O impacto da crise aberta após a ameaça de Trump, que põe em risco 110 mil empregos e pode piorar as contas públicas com medidas de socorro às empresas, mal começou e só querem saber de impor novas bombas.

Não espanta que o Congresso esteja apagado na resposta aos governo americano. Mandar meia dúzia de parlamentares numa comitiva aos Estados Unidos é pouco.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.