Folha de S. Paulo
Até os mais acostumados com os lobbies no
Congresso estão perplexos diante da voracidade atual
É preciso dar um basta aos projetos que
representam uma bomba para as finanças públicas. Na maioria das vezes, são
aprovados pelo Congresso, com ou sem apoio do governo, sempre que o foco dos
acontecimentos no país está voltado para outros temas que prendem a atenção da
população em geral e da mídia.
Enquanto o país ainda assimilava o anúncio pelo presidente Donald Trump da sobretaxa de 50% dos produtos brasileiros, os deputados resolveram aprovar projeto de lei que cria uma bomba fiscal de R$ 37,5 bilhões para a União ao ampliar indenizações por defeitos na construção de imóveis financiados pelo antigo SFH.
A votação ocorreu no último dia 16, na mesma
sessão que aprovou outra
bomba fiscal de R$ 30 bilhões para favorecer o agronegócio. Outro projeto
aprovado torna permanente e ainda amplia um incentivo
bilionário para fomento ao esporte no país.
Lideranças atribuíram a aprovação a uma
resposta após o veto
do presidente Lula ao aumento de deputados e à decisão do ministro
Alexandre de Moraes, do STF, de
validar o aumento do IOF, contra a decisão anterior do Congresso.
Não é nada disso. Chama-se aproveitamento de
janela de oportunidade para emplacar propostas que interessam a grupos
empresariais com nome e sobrenome, sem debate e chance de reação.
É a tática do momento da distração para
emplacar uma pauta-bomba, como são chamados os projetos que geram aumento de
gastos. De bomba em bomba, as finanças do país não aguentam.
Até os mais acostumados com as costuras
políticas da atuação dos lobbies no Congresso, entreouvidos, falam que estão
perplexos com a voracidade atual da movimentação.
O impacto da crise aberta após a ameaça de
Trump, que põe em risco 110 mil empregos e pode piorar as contas públicas com
medidas de socorro às empresas, mal começou e só querem saber de impor novas
bombas.
Não espanta que o Congresso esteja apagado na
resposta aos governo americano. Mandar meia dúzia de parlamentares numa
comitiva aos Estados
Unidos é pouco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.